Todo desejo é um sonho e todo sonho afasta-o de si mesmo - essa é a própria natureza do sonho.
Nos sonhos, você pode estar em qualquer lugar; eles possuem tremenda liberdade porque são irreais. Num sonho você pode estar na Lua, em Marte. Pode escolher o planeta, o jogo é seu. Num sonho, você pode estar em qualquer lugar, exceto um - nesse onde você está. Esta é a primeira coisa a ser entendida sobre a consciência sonhadora. Se você estiver onde está, então o sonho não poderá existir, pois não haverá necessidade de sonhar, o sonho não terá significado. Se você estiver exatamente onde está, como poderá o sonho existir? Ele só existe se você se afasta de si mesmo. O sonho tem que ser uma falsificação da realidade; tem que ser algo mais que a realidade.
Na realidade não existem sonhos, por isso os que querem conhecer o real precisam parar de sonhar. Você sonha porque você reprime. Reprime o que pensa, o que sente, até memso o que sonha. A repetição é o método da hipnose. Repita qualquer coisa e ela ficará gravada em seu ser - é assim que nos iludimos na vida. Um sonho é como um vendedor. Simplesmente fica se repetindo. Simplesmente insiste em se repetir. E repetindo-se, começa-se a acreditar nele. Quando uma pessoa não reprime nada, os sonhos desaparecem.
A vida sempre o manda de volta à sua própria realidade - por isso ela é chocante. Choca porque ela não realiza os seus sonhos. E é bom que a vida nunca realize seus sonhos - ela está sempre dispondo você de alguma maneira. Dá a você mil e uma oportunidades de se frustrar a fim de que você entenda que ter expectativas não é bom, que os sonhos são fúteis e os desejos jamais são satisfeitos. Então você para de desejar, para de sonhar, para de propor. De repente volta para casa e o tesoura está lá.
Osho, “A Arte de Morrer”