Este bolo está uma delícia!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ouvi falar sobre um velho monge zen:
Ele estava em seu leito de morte. Seu último dia chegara e ele declarou que naquela noite não estaria mais ali. Então seus seguidores, discípulos e amigos começaram a vir. Havia muitas pessoas que o amavam, todas elas começaram a chegar; pessoas chegavam de todos os lugares.
Um dos seus discípulos mais antigos, quando ouviu que o Mestre ia morrer, correu para o mercado. Alguém perguntou:
— O Mestre está morrendo em sua cabana e você está indo ao mercado?
— Eu sei que meu Mestre adora um certo tipo de bolo — respondeu o discípulo. — Então estou indo comprar o bolo.
Foi difícil encontrar o bolo. Mas à noite, quando finalmente conseguiu, ele saiu correndo com a guloseima na mão.
Todo mundo estava preocupado — era como se o Mestre estivesse esperando por alguém. Ele abria os olhos, olhava em volta e os fechava novamente. Quando o discípulo chegou, ele disse:
— Bem, então você chegou. Onde está o bolo?
O discípulo mostrou o bolo, muito contente pelo mestre ter perguntado dele.
Nos estertores da morte, o mestre pegou o bolo na mão... mas a mão não tremia... Ele era muito velho, mas a mão dele não tremia. Então alguém perguntou:
— O senhor é muito idoso e está à beira da morte. O último suspiro logo o levará, mas sua mão não treme.
— Eu nunca tremo — respondeu o Mestre —, pois não existe medo. Meu corpo ficou velho, mas eu ainda sou jovem, e permaneço jovem mesmo quando o meu corpo está morrendo.
Então o Mestre deu uma mordida no bolo e começou a mastigar ruidosamente. E então alguém perguntou:
— Qual é a sua última mensagem, Mestre? O senhor nos deixará em breve. O que gostaria de nos lembrar?
O Mestre sorriu e disse:
Ah, este bolo está uma delícia!
Este é um homem que vive no aqui e agora. Este bolo está uma delícia. Mesmo a morte é irrelevante. O instante a seguir é destituído de significado. Este momento, este bolo está delicioso.
Se você consegue ficar neste momento, neste exato momento, neste presente, na plenitude, então você só pode amar.
Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente".