IX - O EREMITA
A energia que emana deste arcano é de auto-análise, de trazer à consciência os recônditos da alma, para então chegarmos ao conhecimento; o que requer afastamento da vida mundana, barulhenta e hiperativa que, normalmente inviabiliza a quietude necessária para um encontro com nosso Eu.
Contudo, para facilitar tal distanciamento, é aconselhável fazer uso da paciência, da prudência e da resignação, sob risco de não nos centrarmos como devemos e perdermos desse modo a tranqüilidade imprescindível para nos desligarmos de tudo que possa atrapalhar este momento de maturidade e de busca individual.
O EREMITA tem a nobre missão de encontrar a si mesmo e ser fiel a seus valores. Ele avança de acordo com o provérbio chinês: “Não tenha medo de crescer devagar. Tenha medo apenas de ficar no mesmo lugar.” Ele assinala o nono estágio da jornada, o da percepção de que só o trabalho feito com calma e paciência dá frutos duradouros, e lembra que o homem antes de buscar o outro, ele deve aprender a se desligar do mundo exterior e olhar para dentro de si mesmo.
O EREMITA é um arcano de tempo, seu caminho é solitário, pois é na solidão que se encontra a própria luz; ele se recolhe para pesquisar e experimentar e só depois pode doar a sua luz.Ele espera o tempo certo, o amadurecimento das idéias.
A sua energia ensina a aprender com os erros e acertos, ensina a paciência e a necessidade da solidão e do silêncio, para que se alcance a profundeza do ser.
O caminho do EREMITA é de recolhimento voluntário, a avaliação necessária e nem sempre fácil, pois está sacrificando o que era e não sabe ainda o que será. Ele se prepara, interiormente, para as mudanças que virão.
Ele se dá a oportunidade de avaliar intenções e motivos, exigindo prudência nas ações. É um líder, mas sua liderança e poder brotam da sua força interna, manifestada através das suas atitudes firmes e seguras, na sua confiança e certeza de que o melhor ou o mais justo acontece a seu tempo.
O EREMITA nos mostra que devemos nos desligar por um tempo das atividades que exijam agitação, para nos concentrarmos no essencial, que precisamos tirar um tempo para nós, a fim de descobrirmos nossas potencialidades. Através da prática da calmaria ou da meditação, fica mais fácil desenvolver os dons que estão adormecidos, e assim, pode-se trazer à luz a essência perdida, por mais longínqua que pareça de ser alcançada.
Ele sabe a hora de agir para mudar o que pode ser mudado e aceitar o que não pode. É um mestre que ensina por atos, é aquele que guia outros a descobrirem por si próprios as suas verdades, ele é um doador de sabedoria.
De forma negativa o EREMITA torna-se triste e solitário.
Na saúde, pode haver tendência à calcificação, problemas nos joelhos, osteoporose como resultado da rigidez, da falta de flexibilidade e espontaneidade diante dos acontecimentos. É uma energia de vida longa, a doença e a dor só acontecem para forçá-los a parar e repensar a própria vida, encontrando tempo para si mesmos.
Nos relacionamentos costumamos atrair pessoas mais velhas ou mais experientes, mestres a quem devemos observar, pois nos trazem importantes lições. Quase sempre essa energia provoca atração por afinidade, relacionamentos que levam à troca e à evolução, pessoas que possuem as mesmas qualidades e defeitos.
Como é uma energia de tempo, o casamento ou a união, pode ser tardio. Há atrasos, segredos revelados no último minuto, até que a relação se estabeleça. Pode haver falta de diálogo, pois esse arcano pode levar as pessoas a se fecharem em si mesmas, na sua solidão.
É preciso buscar o nosso mestre interior, o nosso EREMITA escondido nas cavernas escuras do nosso inconsciente, com a sua luz encoberta pelos nossos medos, pela nossa insegurança, pela falta de fé em nós mesmos, pois a energia do EREMITA nos atinge e se manifesta externamente em nossas vidas quando já se manifestou dentro de nós e estamos prontos para ela.
“Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece.”
O Eremita caminha na escuridão, guiado só pelo seu conhecimento do caminho e uma pequena lanterna que leva na sua frente. Ele nos mostra que é o momento para nos recolhermos no nosso interior, para nos afastarmos do mundo e ficarmos a sós durante um tempo. É um momento para refletirmos sobre tudo o que nos aconteceu e revisarmos as lições aprendidas.
Significa que você deve avaliar sozinho o que está acontecendo em sua vida. Neste momento nenhum conselho externo servirá, por mais bem intencionado que possa ser. Procure as respostas no seu interior. Esse processo só pode ser feito no silêncio e na calma.
Ao ficar só e em silêncio, longe do barulho do mundo, que nos diz o que fazer a toda hora e em todo momento, a voz do Eremita aparece. Sua voz interior vai lhe dar as respostas necessárias. E quando você achar as respostas no seu interior, a força e a sabedoria adquiridas são enormes! Você adquire uma certeza inabalável, sabe o que está fazendo e porque o está fazendo.
E quando você voltar para o Mundo, completo e com as respostas que precisava, levante a lanterna e ajude àqueles que precisam de respostas. Uma vez que você conhece seu caminho, sua luz ajudará a iluminar as vidas dos outros. Não com estridência nem prepotência, mas com a calma e certeza do Eremita.
Em uma leitura de tarô o Eremita pode anunciar um fato concreto, do qual devemos ter consciência. Coloca-se em situação de olhar as coisas como são, com lucidez e capacidade de discernimento. Pode alertar para ser mais prudente, perspicaz, sagaz. Pode tratar também de uma pessoa sozinha, isolada ou, finalmente, de um período de vida o qual se entregará a si mesmo.
O Eremita pode ser você, imerso em profundas reflexões enriquecedoras, buscando o aprendizado, adquirindo sabedoria e conhecimento, que de certa forma, sempre é uma travessia pelo deserto.