O amor é uma coisa natural. Você pode duvidar de Deus, não há problema. Na verdade, é preciso duvidar de Deus, pois, se não duvidar, a investigação não pode começar.
É preciso começar a investigação como um ateu; começá-la como teísta é o jeito errado. Você já acredita, então como investigar?
Não estou dizendo para desacreditar de Deus, pois isso também seria uma crença, uma crença negativa. Comece com a dúvida — a dúvida é natural. Toda criança nasce trazendo dúvida consigo, nenhuma criança nasce já com uma crença, lembre-se disso.
Criança alguma nasce maometana, ou hindu, ou jainista, ou cristã, ou judia. Toda criança vem ao mundo com milhares de perguntas; portanto, a dúvida é um dom de Deus.
Mas "Desiderata" está certo: não duvide do amor, porque o amor também é um dom de Deus, você o traz consigo. Toda criança ama, reage ao amor.
Sorria para uma criança; no momento em que ela sente a afeição que você lhe dedica, fica logo pronta para passar algum tempo com você — com grande confiança. Toda criança sabe algo do amor.
O amor e a dúvida são dons de Deus, mas você não deve duvidar do amor, pois seria perigoso. Um dom natural começa a destruir outro dom natural. Você entra em conflito. Se começar a duvidar do amor, passará a reprimi-lo.
Se duvidar do amor, você será incapaz de amar, ficará fechado. E, no momento em que seu amor se torna encapsulado, você fica perdido, pois perde a verdadeira ponte entre você e a existência.
Osho, "Filhos do Universo: Reflexões sobre Desiderata".