Hoje é um dia tipicamente Rubinho Barrichello. Todo mundo sabia que ía chover mas como saiu sol logo cedo não nos preparamos para trocar os pneus. E, eis que, num dia horrível de chuva, estou assim, de sandálias. Fui pega de calça capri pela mudança climática. Até sexta estarei totalmente Schumacher, ou melhor, atropelando, passando na frente de todo mundo só pra chegar primeiro no fim de semana.
Rubinho Barrichello pra mim não é só um piloto, nem uma... filosofia de vida mas... um estado de espírito ou até... um estado de ânimo. Os sintomas deste estado são facilmente reconhecidos. Você se esforça ao máximo mas o seu máximo está abaixo da expectativa do mundo e, portanto, todo mundo fica contra você. Você sobe no pódio mas mesmo assim é visto como derrotado. Você ganha dinheiro, trabalha num lugar legal e com tudo isso ainda é tratado com desdém.
Algumas pessoas torcem por você: torcem... o nariz. Outras aplaudem, mas junto com as palmas vem logo um 'chô..chô!'. Síndrome de Rubinho Barrichello todo mundo tem de vez em quando. Não é a sensação de estar por baixo mas...de ficar para trás. Atrás do alemão, atrás do seu tempo, atrás da sua capacidade, atrás da esperança dos outros.
Pensando bem, ele tem tudo. Tem família, pais, mulher, filho, dinheiro, apoio, projeção, fama, sucesso. Ele só não é o máximo do máximo. E só por isso, só por não ser o herói dos nossos sonhos, só por não lavar a honra nacional que nós sujamos dia a dia, ele não tem 100% do respeito dos brasileiros.
A gente tira sarro, atribui má sorte, excomunga. Somos cruéis com Rubinho. Fomos cruéis com Daiane. Somos cruéis com praticamente todos os ídolos que envelhecem. Talvez porque, pra cada brasileiro, o herói tem que representar não o que somos, ou o que gostaríamos de ser mas o que sabemos que jamais seremos. Por isso que dói tanto ver um brasileiro real como a gente, que perde sempre e ganha muito de vez em quando. A verdade, dizem, dói. E de dor a gente já está cheio.