Usando a Mente

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tudo o que você vê foi inventado por pessoas espirituosas, não por pessoas sérias. As pessoas sérias vivem voltadas para o passado — elas não param de repetir o passado porque sabem que ele funciona. Elas nunca são inventivas.
"Mente contemporânea" é, de certa forma, uma contradição. A mente nunca é contemporânea. Ela é sempre antiga. Mente é passado e nada mais. Mente significa memória. Nenhuma mente contemporânea pode existir. Ser contemporâneo é ser desprovido de mente.
Apenas olhe, observe. O que é a sua mente? O que se quer dizer com a palavra "mente"? No que ela consiste exatamente? Todas as suas experiências, os seus conhecimentos e o passado acumulados — essa é a sua mente. Você pode ter uma mente materialista pode ter uma mente espiritualista, isso não importa nem um pouco. Mente é mente. A mente espiritual não é menos mente do que a mente materialista. E nós temos que ir além da mente.
De Aristóteles a Wittgenstein, milhares de pessoas brilhantes desperdiçaram todo o seu brilho pela simples razão de que tentaram solucionar apenas problemas em vez de se voltarem para a própria raiz de todos eles. A mente é o único problema. A mente só conhece o conflito. Mesmo quando não há conflito, a mente cria um. Mesmo quando não existe qualquer problema, a mente cria um.
A mente não pode existir sem problemas: ela se nutre de problemas. Conflito, luta, desarmonia — e a mente está perfeitamente à vontade e ambientada. Silêncio, harmonia — e a mente começa a ficar com medo, porque harmonia, silêncio e paz são nada mais do que a morte para a mente.
A mente é um robô. O robô tem sua utilidade, e é desse jeito que a mente funciona. Você aprende algo. Quando aprende, de início fica consciente. Por exemplo, quando aprende a dirigir um carro, fica bem alerta, porque sua vida está em perigo. Tem que tomar cuidado com muitas coisas: o volante, a rua, os pedestres, o acelerador, o freio, a embreagem. Tem que prestar atenção em tudo. Há tantas coisas a lembrar que você fica nervoso. E perigoso cometer um erro, por isso você precisa manter a atenção. Mas, no momento em que aprende a dirigir, essa atenção já não é mais necessária. Então a parte robotizada da mente entra em ação.
Isso é o que eu chamo de aprender. Aprender significa que algo está sendo transferido da consciência para o robô. E disso que se trata o ato de aprender. Depois que você aprendeu uma coisa, ela deixa de fazer parte da mente consciente e é enviada para o inconsciente. Agora o inconsciente pode fazê-la. Agora a consciência está livre para aprender outra coisa.
Isso é, por si só, extremamente significativo. Do contrário você ficaria aprendendo uma única coisa a vida inteira. A mente é uma ótima serva, um ótimo computador. Use-a, mas lembre-se de que ela não pode dominar você. Lembre-se de que tem que continuar sendo capaz de ficar consciente, de que ela não pode tomar posse de você totalmente, de que ela não pode se tornar tudo, de que a porta precisa ser deixada aberta para que você possa sair do robô.
Osho, “Faça o Seu Coração Vibrar”.