A responsabilidade autêntica

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Se você praticar uma virtude, ela deixará de ser uma virtude. A virtude praticada é uma coisa morta, um peso morto. A virtude é uma virtude só quando é espontânea. A virtude é uma virtude só quandoé natural, não praticada — quando ela é resultado da sua maneira de ver as coisas, da sua consciência, da sua compreensão.
Normalmente, a religião é considerada uma prática. Ela não é. Esse é um dos mal-entendidos básicos sobre religião. Você pode praticar a não-violência e continuar sendo violento, porque sua visão não mudou. Você ainda olha para as coisas da mesma forma. Uma pessoa gananciosa pode praticar a generosidade, mas a ganância continuará sendo a mesma. Até a generosidade será corrompida por essa ganância, porque não se pode praticar nada que não se entenda, que esteja além da capacidade de compreensão de cada um. Você não pode se forçar a seguir princípios sem que esses princípios sejam fruto da sua própria experiência.

A única responsabilidade autêntica é em relação ao seu próprio potencial, à sua própria inteligência e consciência — e agir de acordo com eles. Os valores não podem ser impostos a você. Eles têm que ser cultivados com a sua consciência, dentro de você.

Existem duas palavras a serem lembradas: uma é reação, a outra é resposta. A maioria das pessoas reage, não responde. A reação vem da memória, das experiências passadas, do conhecimento. Ela é sempre inadequada em uma situação nova, diferente. E a existência é sempre diferente.
Portanto, se você age de acordo com o seu passado, isso é uma reação. Mas essa reação não vai mudar a situação, não vai mudar você. Ela levará a nada.
A resposta muda a cada momento. Ela não tem nada a ver com o passado, tem a ver com a consciência. Você vê a situação com clareza — está lúcido, silencioso, sereno. Essa serenidade faz com que você aja com espontaneidade. Não se trata de uma reação, trata-se de ação. Você nunca fez isso antes. E a beleza da resposta é que ela se ajusta à situação.
A maior obsessão que a humanidade sofre é a do "tem que ser". E um tipo de loucura. A pessoa realmente saudável não se preocupa com o que tem que ser. Ela só está interessada no imediato, no que é. E você ficaria surpreso: se entrar no imediato, encontrará ali o definitivo. Se se voltar para o que está perto, encontrará ali todas as estrelas distantes. Se entrar no momento presente, toda a eternidade estará em suas mãos.
A pessoa verdadeiramente livre do ego não é humilde em absoluto. Ela não é nem arrogante nem humilde — é simplesmente ela mesma.
Tenha um objetivo e, mais cedo ou mais tarde, você acabará no divã de um psicanalista. Minha visão é a de uma vida sem objetivos. Essa é a visão de todos os budas. Tudo simplesmente é, por nenhuma razão em absoluto. Tudo é simplesmente um completo absurdo. Se isso for entendido, então qual é a pressa? E pressa para quê?
Osho, “Faça o Seu Coração Vibrar”.