Durante séculos Deus tem sido interpretado como luz, por causa de nosso medo da escuridão. Não que Deus seja apenas luz: ele é tanto luz quanto escuridão.
Deus tem de ser as duas coisas; do contrário, a escuridão não existiria. Deus tem de ser o mais baixo e o mais alto, matéria e mente. Deus tem de ser o todo, e o todo contém os polos opostos. Deus não pode ser apenas luz.
É por causa de nosso medo do escuro que nunca pensamos em Deus como escuridão. E nos aproximar de Deus por meio do medo não é certo. Deus deve ser abordado sem medo, em amor profundo.
Se você olhar com medo, projetará seu medo. Verá coisas que não existem e não verá coisas que existem. Sem medo, você olha com absoluta clareza. O medo é como fumaça a sua volta, como nuvens. E Deus só pode ser visto com clareza, clareza absoluta, incondicional, e nada mais.
Deus, portanto, é as duas coisas - tanto luz quanto escuridão. Ele é tanto verão quanto inverno, vida e morte. A dualidade desaparece, e uma tremenda unicidade desperta em sua visão.
O dual nos prende, e só podemos ser libertados pela unicidade. Como dizia Plotino: "A busca por Deus é um voo do só para o só".
Comece a ver a escuridão também como divina. Comece a ver tudo como divino, porque tudo é divino, quer saibamos disso, quer não, quer o reconheçamos, quer não. Nosso reconhecimento é irrelevante - a existência é divina. Se reconhecemos isso, nós nos regozijamos; se não reconhecemos, sofremos desnecessariamente.
Osho, "Meditações Para a Noite".