O que há de mais bonito no perigo é que ele lhe dá um alerta, uma percepção. Por isso, as pessoas que escalam uma montanha desconhecida, inexplorada, na verdade estão procurando a percepção.
Elas não percebem o que estão procurando. Aqueles que, correndo todo tipo de risco, conseguiram chegar aos polos Norte e Sul, aqueles que chegaram à lua, não perceberam qual era realmente sua busca.
Eles buscavam a percepção, mas não conscientemente.
Um meditador segue seu caminho conscientemente. Não há necessidade de ir às montanhas do Himalaia nem à lua, porque existem picos mais altos dentro de você e distâncias maiores e estrelas muito mais significativas - o céu inteiro está dentro de você, todo o cosmo está lá.
Mas é muito mais arriscado do que ir à lua ou ao Everest. O espaço maior, mais perigoso e mais arriscado está dentro de você, por isso muito poucas pessoas se atrevem a entrar. Se você cai desses picos que existem em seu interior, a queda o leva a um abismo mais profundo que qualquer outro que você já tenha visto.
Mas ninguém cai dos picos, pelo simples motivo de que, à medida que você vai mais alto, torna-se mais alerta, mais consciente, mais ciente do fio da navalha.
Você é como a pessoa que anda na corda bamba, que precisa estar bem atenta, bem alerta: ela não pode pensar no passado, não pode pensar no futuro. O momento basta - ela tem de estar no aqui e agora. Por isso, não há queda. Nunca ouvi falar de ninguém que tenha caído do pico.
Mas o perigo existe, e por causa do perigo pouquíssimas pessoas entram no mundo interior, na interioridade do próprio ser.
Osho, "Meditações Para a Noite".