O homem tem muitos aspectos, muitos lados.
As partes física, energética, emocional, afetiva, mental. Mas tudo isso é coordenado por uma parte muito mais importante, muito mais básica e superior.
É o aspecto superior do ser. Ali todos os outros componentes são coordenados. Ali o nosso destino é dirigido. Ali são feitas as curas ou as doenças.
Perceber que existe um nível espiritual está além da compreensão das pessoas, que só acreditam que é o raciocínio que estabelece a realidade.
Muito mais que pensar, imaginar, muito mais que entender com a inteligência mental, existe o espírito.
O espírito é na verdade a fonte de todo o saber, que é muito mais do que entender, do que compreender com o raciocínio.
Entender, perceber, articular a vida no nível da espiritualidade é começar a exercer a integração com o universo, é exercer domínio sobre a matéria, é coordenar o destino, é relacionar-se com o equilíbrio. É o exercício da paz.
Precisamos desmistificar a ideia da espiritualidade em nós.
As religiões tomaram conta da educação desses elementos importantes, muitas vezes nos confundindo, colocando preconceitos e ideias muito aquém da verdade da natureza.
Queremos redescobrir a vida na realidade da sua concepção. Queremos ser naturais.
E precisamos descobrir que o nível da espiritualidade é o nível mais superior do homem. Ali se estabelecem verdades profundas e imutáveis. Ali nós experimentamos a liberdade, o conhecimento direto da intuição, conhecemos o amor incondicional, conhecemos o poder da inspiração, da vocação, da arte e do conhecimento absoluto da compreensão que ilumina as ciências.
Ali nos dignificamos, nos tornamos superiores em nós mesmos e exercemos uma vida de felicidade e realizações. Longe está aquele que pensa, porque se pensa não vê as coisas pela perspectiva da espiritualidade e não pode conhecer a verdade. Apenas qualifica relações muito relativas e não conhece o absoluto da compreensão integral do universo.
Pois é, minha gente. Quem não está na espiritualidade está preso na matéria, no apego, no sofrimento e na dor. Porque que tem espiritualidade está liberto.
A espiritualidade libertadora é aquela que faz o homem compreender que necessita da elevação, o caminho para praticar a cura da vida, a cura dos vícios da matéria.
Se a vida do homem é composta de dor, de problemas econômicos e afetivos, enfim, uma vida de preocupações, é porque o homem não está integrado na espiritualidade. A espiritualidade é a integração e a libertação de todos esses transtornos.
A libertação não significa o abandono, mas significa continuar a viver como um ser humano comum, cercado dos problemas comuns, mas com a habilidade de fazer com que esses problemas sejam vivenciados de forma a não interferir na vida, resolvidos com harmonia.
É preciso se integrar e se aprofundar no conhecimento espiritual, abandonando a visão superficial da vida material. Tudo tem que ser visto pelos dois lados da vida, pelo lado superficial e pelo lado profundo.
O lado superficial é a materialidade, são as coisas vistas pelo lado menta, pelo raciocínio. Enfim, uma visão curta, pequenininha.
No lado profundo, está o estrutural, o grande, o geral. Aí está o lado espiritual.
No nosso lado profundo
está a eternidade.
(págs. 88 - 90)