Considerações sobre o caminho...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A vida traz a cada um a sua tarefa e, seja qual for a ocupação escolhida, álgebra, pintura, arquitetura, poesia, comércio, política — todas estão ao nosso alcance, até mesmo na realização de miraculosos triunfos, tudo na dependência da seleção daquilo para que temos aptidão:
comece pelo começo,
prossiga na ordem certa, passo a passo.
É tão fácil retorcer âncoras de ferro e talhar canhões como entrelaçar palha, tão fácil ferver granito como ferver água, se você fizer tudo na ordem correta. Onde quer que haja insucesso é porque houve titubeio, houve alguma superstição sobre a sorte, algum passo omitido, que a natureza jamais perdoa.
Condições felizes de vida podem ser obtidas nos mesmos termos. A atração que elas suscitam é a promessa de que estão ao nosso alcance.
As nossas preces são profetas.
É preciso fidelidade; é preciso adesão firme.


Quão respeitável é a vida que se aferra aos seus objetivos!
As aspirações juvenis são coisas belas, as suas teorias e planos de vida são legítimos e recomendáveis:
mas você será fiel a eles?
Nem um homem sequer, receio eu, naquele pátio repleto de gente, ou não mais que um em mil. E, se tentar cobrar deles a traição cometida, e os faz relembrar de suas altas resoluções, eles já não se recordam dos votos que fizeram.(...)
A corrida é longa, e o ideal, legítimo, mas os homens são inconstantes e incertos. O herói é aquele imovelmente centrado.

A principal diferença entre as pessoas parece ser a de que um homem é capaz de se sujeitar a obrigações das quais podemos depender — é “obrigável”: e outro não é.
Como não tem a lei dentro de si, não há nada que o prenda.
Ralph Waldo Emerson,  "Considerations by the Way".