Vocês se envolvem muito emocionalmente com as coisas, muito apaixonadamente com as pessoas e não percebem a importância de ser impessoais. Para muitos, a impessoalidade é confundida com frieza, com distanciamento, com o não saber viver em sociedade.
Mas o ser impessoal é a atitude de estar "na gente", de ficar na nossa alma. É o se envolver até o limite da preservação da nossa individualidade, garantindo o direito ao que é nosso.
Entretanto, a nossa educação quase sempre nos desvia da impessoalidade, pois nos leva ao envolvimento com os problemas dos outros, com as dores do mundo. A todo instante somos levados a querer ajudar alguém, a tentar salvar ou remediar uma situação que não nos diz respeito diretamente. Como a gente vive muito o externo, muito o outro, acabamos nos envolvendo de uma forma dolorosa.
Somos ainda uma grande maioria de pessoas envolvidas com uma rede de sofrimento que começa na família, passa pelos amigos, corre até os vizinhos, abraça o ambiente do trabalho e vai mundo afora. Como se fôssemos os salvadores do mundo.
Se cada um tem o seu jeito de aprender, se cada qual está na mão da vida, na mão de Deus, nós não temos o direito de interferir na sua história individual e muito menos nos dar ao sacrifício de sofrer pelo mundo.
A atitude impessoal é, enfim, a compreensão do direito que o outro tem de percorrer o seu caminho. Não é insensibilidade, não é distanciamento, não é falta de caridade.
A ajuda ao outro pode quase sempre ser prestada por atos inteligentes - enquanto você pode orientar uma alternativa ao problema -, mas nunca pelo envolvimento emocional, dividindo sofrimentos e desgraças.
A dor, a desgraça ou um simples problema vivenciado por alguém precisam ser compreendidos numa amplidão maior, já que a vida não se cansa de nos ensinar por sinais, por fatos dolorosos ou alegres. E é através dessa compreensão que vamos percebendo como participar dos fatos, sem esse envolvimento doloroso.
Participar é a melhor maneira de estar com o outro nos seus momentos de aflição, enquanto participar signifique apenas a possibilidade de você ser um ponto de referência, não um outro a vivenciar e sofrer com o drama.
Está aí, para vocês, lançado um grande desafio, que é viver na impessoalidade. Esquecer a sua imagem no mundo, esquecer quem é você para o mundo dos outros e viver por dentro, viver apenas das suas sensações, viver do apoio às suas necessidades da alma.
Há muita confusão em sua cabeça, muita coisa que não tem a ver com a sua vontade. Deixe tudo que não é seu de lado e concentre a sua energia para fazer bem o seu serviço, para fazer bem a sua parte. E não tenha medo de se sentir indiferente aos males do mundo, se sentir seletivo ou insensível. Você não pode ficar desviando suas energias para um universo que não é seu.
A impessoalidade está ligada à qualidade das tarefas que você se propuser a fazer em seu favor e não à sua pessoa.
O que vai interessar é a situação criada por você, as suas sensações, a melhora da sua qualidade de vida. Sem atitudes impessoais, não vamos ter nunca qualidade de vida e nunca chegaremos à realização espiritual.
“A felicidade é um estado de espírito”.
E a felicidade só será alcançada na sua plenitude quando dermos respostas aos anseios de nossa própria alma.
Calunga, "Fique com a LUZ".