Somos Únicos (1)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A moral dos homens, o modo de pensar que orienta todos os nossos atos, é feita de um conjunto de princípios, de ideias básicas. A partir delas, nós pensamos, nós agimos, estabelecemos os nossos pontos de vista, olhamos a vida de um modo todo particular, fazemos as coisas de um jeito único. Cada um de nós com os nossos princípios. Princípios morais. Mas dois grandes venenos estão sendo criados dentro desses princípios.
O primeiro princípio moral venenoso é acreditar que está no outro o nosso referencial, o nosso modelo. O outro em primeiro lugar; você sempre depois. Então, quando esse princípio atua, você vai pelo mundo externo, pelos outros, pelo ambiente. O ambiente te envolve e você se perde no mundo, tornando-se mais um na multidão de anônimos.
Na verdade, nós somos o nosso próprio referencial. Nossa intuição e sensações são tão particulares que só existe um sentido na nossa vida, alimentado com unicidade. E não nos sentidos dos outros, tão diferentes da nossa essência.
Deus criou a unicidade porque cada indivíduo tem uma missão diferente, um trabalho diferente. Você não pode usufruir da receita do outro, se alimentar na fonte do outro, usar a medida do outro, sob o risco de estar passando por cima dos seus sentimentos e se perder completamente.
O segundo princípio, é a ideia da imperfeição. Você acredita piamente que é imperfeito. É o veneno que faz com que você nunca mais tenha autoconfiança, nunca mais acredite em você.
Quando a ideia da imperfeição bate na sua cabeça, você acredita ser um poço de defeitos. E não se cansa de enumerar a todos essas imperfeições. Fica até orgulhoso da sua modéstia. Todos vão aplaudir, vão te admirar por ter a capacidade de reconhecer essas limitações. Mas não está sendo modesto, não. Está é cego e depressivo.
A obra de Deus - e você é uma obra de Deus - não tem defeitos. Você, ninguém e nada tem defeitos.
O hábito de se menosprezar é uma característica da humanidade, para que todo mundo, conivente um com o outro, possa ficar "metendo o pau em todo mundo". Menosprezar-se para se equiparar, para ser igual à multidão; menosprezar-se para ter a aceitação dos outros. Ninguém percebe o obra de Deus, ninguém entende por que é que Deus colocou, digamos, a Raiva dentro da gente. A raiva é um sentimento como um outro qualquer, faz parte da natureza humana, mas é considerada um defeito, um desvio de caráter.
É necessário apenas compreender essas coisas, mas nunca considerá-las defeitos. Quer sejam ódio, nojo, inveja... tudo é obra de Deus, e num contexto maior tem a sua validade, a sua necessidade. Mas nunca podem ser consideradas defeitos. São instrumentos de compreensão, são exemplos da dualidade do universo.
Podemos certamente não gostar disso tudo. O não gostar é da natureza do homem. Afinal gostamos apenas do que apreciamos e não se pode gostar de tudo e de todos. Mas é distorcer a realidade separar as coisas em defeito e perfeição. Existe espaço para tudo, tudo é necessário.



Calunga, "Fique com a LUZ".