Síndrome da Modernidade

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A felicidade é o resultado de todo o nosso empenho em procurar viver na paz, sem violência, sem revolta. Isso para poder ter a condição de usufruir das faculdades naturais de inteligência, de bondade, de prazer que você tem por direito natural. Nós enfrentamos desafios cotidianos para conseguir ficar bem, mesmo porque o ambiente tem situações muito perturbantes. Todo ambiente é agitado por inúmeras mensagens. O rádio, a televisão, o jornal, o progresso, o automóvel que vai de um lugar para o outro, o contato com muita gente trazem mensagens constantes de tudo quanto é tipo. Todo mundo quer dar sua mensagem, se expressar da maneira que acha adequada.
Se você não se adaptar bem a essa vida moderna, vai ter a síndrome da modernidade. É comum nas pessoas que ficam perturbadas pelo excesso de informação, porque não sabem selecionar e se defender desse excesso. Não sabem por ordem na chegada dessas informações. São as que facilmente se envolvem com o mundo de fora e acabam abandonando o mundo de dentro, tendo uma série de doenças, de problemas nervosos, de frustração, de depressão, com consequências variadas no emocional, no físico, no energético, no mental.
Elas ficam perdidas, tremendamente irritadas, agressivas contra o mundo, que lhes parece hostil demais. É o mundo que as estimula demais, que as solicita demais. As mensagens estão sempre influenciando as  suas emoções, influenciando demais o seu cérebro, exigindo atitudes.
Você liga a televisão e vê os dramas nas novelas e nos filmes. Isso é uma coisa muito moderna. E é tanta emoção forjada, criada! Depois, você vai dormir com aquelas coisas na cabeça e, no dia seguinte, acorda com a ressaca da noite anterior. De manhã, você lê o jornal ou uma revista e recebe mais bombardeio. Isso tudo vai intoxicando a mente.
Vamos ficando cada vez mais nervosos, mais irritados com esse mundo, perdendo a paciência com os filhos, com os empregados, conosco mesmos, com o trânsito, com o percurso do caminho da vida que fazemos. E, gota a gota, aquilo vai nos desanimando, amargando, criando problema de estômago, dor de cabeça, quebradeira, desarmonia geral.
Por que será que a vida permitiu que nós vivêssemos num ambiente como esse? Estamos expostos a isso tudo para aprender a evoluir, para aproveitar a pensar rápido e a agir rápido. Antigamente, a vida era muito calma. Mas também se era calma, éramos muito bobos, porque não éramos estimulados na nossa inteligência. Hoje, somos superestimulados para acelerar as funções cerebrais, intelectuais e exigir de nós uma participação ativa em nós mesmos e na vida. Ao mesmo tempo que a vida nos cobra essa ação, está exigindo da inteligência uma mediação para lidar com tudo isso.
Apesar de esse mundo moderno nos favorecer com muitas possibilidades de aprender, de trabalhar e de viver uma vida com mais oportunidades, é preciso ser uma pessoa ponderada para selecionar tudo isso. Procure não se expor a tanta coisa desnecessária. Selecione o que você vai ver, o que vai fazer. Tenha cuidado ao ler o jornal; não entre na emoção das notícias, não se desequilibre. Não entre nas agressões dos filmes, que mexem com o seu sistema nervoso, que o deixam intranquilo, machucado. São fantasias. Não vamos inventar mais problemas, já bastam os que temos na vida.


Calunga, “Um Dedinho de Prosa”.