Rejeição de si mesmo (2)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Você não quer ser o que é, não é? Nega-se, não se aceita, inveja o outro e o que pertence ao outro. Você não faz as coisas do seu jeito natural e continua a seguir o modelo que aprendeu com os outros, com a sociedade, com as instituições, com o que se convencionou como certo.
No entanto, a sua natureza tem um outro jeito. O seu coração (não a sua cabeça social) deseja outras verdades. Verdades estas que você não acredita e tem até medo de aceitar como suas. Mas quando você se defronta com estas diferenças, quando você percebe que o seu desejo é percorrer outros caminhos, a sua sensação é de medo.
Então você já entra em conflito, começa a forçar a sua natureza para mudar aqueles pensamentos, quer tomar outra atitude, a atitude convencionada pela maioria.
Daí então é que eu digo que vocês são ainda fruto daquilo que vocês pensam, daquilo que vocês insistem em acreditar com a cabeça coletiva, com o intelectual. Por que não atentar para aquilo que sente na alma e compreender a sua natureza com mais cuidado, com mais atenção?
O homem não está adaptado a conviver com as suas intimidades e impõe a si mesmo uma carga de obrigações contrárias à sua individualidade. Toma atitudes contra a sua vontade, sem disposição e sem necessidade de alma. Deixa o seu centro para ir pelo dos outros. 
O homem se contraria muito, força a sua natureza, cria deformidades interiores, tudo em nome de valores sociais, em nome do medo de ser diferente. Por isso, minha gente, há tantos desajustados por aí. E o pior é que são desajustados cheios de boas intenções, acreditando em verdades que apenas os levaram ao sofrimento.
São pessoas resultantes da aculturação e da doutrinação, que não tiveram o cuidado e nem a coragem de questionar o conflito entre sua alma e o seu intelecto. São pessoas que se entregaram à lavagem cerebral feita por outras pessoas que as queriam dominadas, adaptadas a um modelo de falsa moralidade e ao pensar de um só jeito, para uma só direção. 
São pessoas induzidas a atrofiar o discernimento, a atrofiar o livre-arbítrio, transformados em um bando de gente desnorteada, olhando sempre em volta, para fora, nunca olhando para dentro de si. Enfim, são pessoas que perderam o senso de observação independente e abdicaram da sua relação com a inteligência da natureza e com a sua própria essência.
Este é o retrato do ser humano que temporariamente se tornou  cego. Esta cegueira que dói, porque sem entendimento a vida não tem opção: é o desencontro, é a loucura, é a dor e é a doença.
Observem, avaliem, confrontem, comparem. Assumam as suas diferenças individuais e acreditem que na natureza, na sua íntima natureza, nada de errado existe.


Calunga, "Fique com a LUZ".