Um certo dia, Bankei estava ensinando tranquilamente aos seus seguidores quando a sua fala foi interrompida por um padre de uma outra seita.
Essa seita acreditava no poder dos milagres e pensava que a salvação vinha com a repetição de palavras sagradas.
Bankei parou de falar e perguntou ao padre o que ele queria dizer.
O padre alardeou que o fundador da religião dele podia ficar numa margem do rio com um pincel na mão e podia escrever um nome sagrado em um pedaço de papel mantido por um assistente seu na margem oposta do rio.
O padre perguntou: "Que milagres você pode fazer?"
Bankei respondeu: "Só um. Quando tenho fome, eu como, e quando tenho sede, eu bebo".
O único milagre, o milagre impossível, é ser só ordinário. O desejo da mente é o de ser extraordinário. O ego tem sede e fome de reconhecimento. O ego alimenta-se no reconhecimento de que você é alguém.
Uns alcançam esse sonho por meio da riqueza, outros, por meio do poder, da política; outros ainda podem alcançar esse sonho por meio de milagres, ilusionismo, mas o sonho permanece o mesmo: Eu não posso me tolerar sendo um joão-ninguém.
E este é o milagre: quando você aceita a sua nulidade, quando você é tão ordinário quanto qualquer outra pessoa, quando você não pede nenhum reconhecimento, quando você pode existir como se não existisse. Estar ausente é o milagre.
Osho, "Um Pássaro em Voo: Conversas Sobre o Zen".