Ver o que realmente é

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um ensinamento budista diz:
“Aquele que está influenciado por seus gostos e desgostos, com a mente impregnada por ideias pré-concebidas, não pode entender o significado das circunstâncias e tende a se desesperar-se perante elas. Aquele que está desapegado, com a mente livre e aberta, entende perfeitamente as circunstâncias e para ele todas as coisas são novas e significativas”.
Mais adiante diz:
“A felicidade segue à tristeza. A tristeza segue à felicidade, mas quando a gente já não discrimina entre a felicidade e a tristeza, o bom e o mau, a gente é capaz de libertar-se”.
Nosso mundo é de dualidades. Toda situação passa, a boa e a ruim. Devemos aceitar essa realidade, não criar vínculos com situações que sabemos ser passageiras, e todas são passageiras. Não importa quanto tempo dure uma situação qualquer, um dia ela passará. Tampouco devemos criar expectativas exageradas com relação ao futuro, pois nossa vida é dinâmica e as situações se modificam sempre. Aceitar com tranquilidade e equilíbrio o que a vida nos trás, alivia nosso coração. Tudo que nos vem é exatamente o que precisamos e merecemos naquele momento. Reagir e revoltar somente piora as coisas. Quantas vezes acontece algo em nossas vidas que a princípio parecia ser uma desgraça e que no futuro se revela uma benção? Ou do contrário, algo que vem como uma grande conquista e que depois se revela um equívoco? É preciso não julgar, pois o que vemos são fragmentos, enquanto o Universo (Deus) vê o todo.
Nada é o que realmente parece. O intelecto não pode saber, pois seu conhecimento é limitado. Entretanto, há uma parte nossa sempre sabe. A diferencia entre o conhecimento intelectual e essa sabedoria inata que temos é similar a que existe entre subir numa cadeira, olhar ao redor e pensar que estamos vendo tudo e subir ao topo da montanha e ver o panorama completo.
Preferimos falar com nossos psicólogos ou com os vizinhos em vez de falar com Deus. Temos acesso permanente a todo este saber, a toda esta sabedoria que está dentro de nós, mas preferimos subir na cadeira e dar opiniões, emitir julgamentos e expressar nossos pontos de vista porque é o que aprendemos a fazer. Estamos viciados neste modo de ser e agir. Entretanto, sempre podemos escolher o que fazer e como reagir quando aparece uma situação que consideramos problemática.
A seguinte história ilustra belamente este conceito:
“Um dia o asno de um camponês caiu ao fundo de um poço. O animal se queixou durante horas enquanto o camponês tentava encontrar uma forma de tirá-lo. Finalmente, o camponês decidiu que o animal era velho, que os esforços para salva-lo estavam sendo inúteis, e decidiu soterrá-lo no poço. Então, o camponês pediu ajuda aos vizinhos, e todos pegaram pás começaram a atirar terra adentro do poço. No começo quando o asno se deu conta do que estava acontecendo, gemeu horrivelmente, mas depois de um momento para surpresa de todos, acalmou-se. Depois de várias pazadas de terra, o camponês finalmente decidiu olhar dentro do poço, e o que viu o deixou estupefato. Com cada pazada de terra que caía sobre suas costas, o asno fazia algo assombroso. Sacudia as costas, a terra caía e se amontoava sob suas patas, e desse modo com cada pazada o asno dava um passo para cima. À medida que os vizinhos do camponês continuavam jogando terra sobre o animal, ele mesmo se sacudia e subia mais. Logo o asno chegou à borda do poço e saiu trotando”.
A vida joga todo tipo de terra em de nós. A solução para sair do poço é sacudir a terra e dar um passo para cima. Cada um de nossos problemas é como um degrau para a liberdade. Depende só de nós se o usarmos como tal.
Mabel Katz, “Ho’oponopono - O Caminho mais Fácil”.