A linguagem é criada para o uso diário, é criada para a vida mundana. No que diz respeito a isso, ela é boa. É perfeitamente adequada para o mercado, mas, quando você começa a mergulhar em águas mais profundas, ela se torna cada vez mais inadequada — não apenas inadequada: ela começa a ficar absolutamente incorreta.
Por exemplo, pense nestas duas palavras: experiência e experienciar. Quando você usa a palavra experiência, ela lhe transmite uma sensação de conclusão, como se algo tivesse chegado a um ponto final. Na vida não existem pontos finais. A vida não sabe absolutamente nada sobre pontos finais — ela é um processo contínuo, um rio eterno. O objetivo nunca chega. Está sempre chegando, mas nunca chega. Portanto, a palavra experiência não é correta. Ela transmite uma noção falsa de conclusão, de perfeição. Faz com que você sinta que chegou. Experienciar é muito mais verdadeiro.
No que diz respeito à vida de verdade, todos os substantivos são errados, só os verbos são verdadeiros. Quando você diz "Isto é uma árvore", está fazendo uma afirmação errada do ponto de vista existencial. Não do ponto de vista linguístico ou gramatical, mas do ponto de vista existencial você está fazendo uma afirmação errada, porque a árvore não é uma coisa estática. Ela está crescendo. Ela nunca está em um estado de "ausência de ser", está sempre se tornando algo. De fato, chamá-la de árvore não está correto. Ela está arborescendo. O rio está enriezando.
Se você olhar a vida a fundo, os substantivos desaparecem e só ficam os verbos. Mas isso criará um problema no mundo lá fora.
Você não pode dizer às pessoas: "Eu fui a um enriezando" ou "Esta manhã, vi uma linda arborescendo". Elas iam achar que você ficou louco! Mas nada é estático na vida. Nada está em repouso.
Maturidade nada tem a ver com as experiências exteriores da vida. Tem algo a ver com a sua jornada interior, com as experiências do seu interior. Maturidade é um outro nome para realização: você chegou à plenitude do seu potencial, tornou-se você de verdade. A semente empreendeu uma longa jornada e floresceu.
O crente não é alguém que busca. O crente não quer buscar nada. É por isso que ele acredita. O crente quer evitar a busca, por isso ele acredita. O crente quer ser levado, salvo. Ele precisa de um salvador, ele está sempre em busca de um messias — alguém que possa comer por ele, mastigar por ele, digerir por ele.
Mas, se eu comer, a fome que você tem não será saciada. Ninguém pode salvá-lo, a não ser você mesmo.
A crença não tem nada a ver com a verdade. Você pode acreditar que é noite, mas o dia não vai anoitecer só porque você acredita nisso. Ele não vai se tornar noite. Você está vivendo um tipo de alucinação.
Existe este perigo na crença: ela faz você achar que conhece a verdade. E como faz você achar que conhece a verdade, isso se torna uma grande barreira na busca. Acredite ou desacredite e você estará bloqueado — porque a descrença nada mais é do que a crença numa forma negativa.
O católico acredita em Deus, o comunista acredita em um não-deus: ambos são crentes. Vá para a Caaba ou vá para o Comintern, vá para o Kailasa ou para o Kremlin — é tudo a mesma coisa. O crente acredita que é assim, o descrente acredita que não é. E pelo fato de os dois já terem chegado a uma conclusão, sem se darem ao trabalho de ir lá e descobrir por si mesmos, quanto mais forte for a crença, maior será a barreira. Eles nunca farão uma peregrinação, não é preciso. Viverão cercados pela própria ilusão, criada e sustentada por eles mesmos. Pode ser reconfortante, mas não é libertador. Milhões de pessoas estão desperdiçando a vida com a crença e a descrença.
A busca pela verdade começa quando você deixa de lado todas as crenças. Você diz: "Eu gostaria de encontrar a verdade por mim mesmo. Não acreditarei em Cristo e não acreditarei em Buda. Eu gostaria de me tornar eu mesmo um Cristo ou um Buda. Gostaria de ser uma luz para mim mesmo. "Por que você deveria ser cristão? Seja um Cristo se você puder, mas não seja um cristão. Seja um Buda se tiver algum respeito por si mesmo, mas não seja um budista. O budista acredita. O Buda sabe.
Se você pode saber, se é possível saber, então por que se contentar em acreditar?
Você tem que entender a diferença entre consciência moral e consciência.
A consciência é sua.
A consciência moral é transmitida pela sociedade. Ele é uma imposição sobre a sua consciência.
Cada sociedade impõe um tipo de ideia sobre a sua consciência, mas todas elas impõem alguma coisa. E depois que algo é imposto sobre a sua consciência, você não é mais capaz de escutá-la — ela fica muito distante. Entre a sua consciência e você se ergue uma parede espessa de dever e de moral que a sociedade lhe impôs desde a sua mais tenra infância.
A menos que você faça uma pessoa se sentir culpada, você não consegue escravizá-la psicologicamente. E impossível aprisioná-la a uma certa ideologia, a um certo sistema de crença.
Mas depois que você cria a culpa na mente da pessoa, toma tudo o que havia de coragem nela. Destrói tudo o que havia de aventureiro nela. Reprime todas as possibilidades de que ela seja, um dia, um indivíduo por seus próprios méritos.
Com a ideia de culpa, você quase extirpa o potencial humano dessa pessoa. Ela nunca poderá ser independente. A culpa a forçará a depender de um messias, de um ensinamento religioso, de Deus, de conceitos de céu e inferno, de toda essa coisa.
E para criar a culpa você só precisa de algo muito simples: comece a falar de erros, enganos — pecados.
Osho, “Faça o Seu Coração Vibrar”.