Quem não planta também não colhe (1)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Conforme você vai praticando a boa vontade, ela vai crescendo. E o que acontece quando a boa vontade cresce no homem? As energias negativas não mais o pegam, porque elas se tornam positivas. É o desânimo de um que não o atinge; é a inveja e a raiva do outro que não o pegam; é a crítica de uns que também não vai causar nenhuma impressão. Essa energia toda começa a fazer seu trabalho crescer, começa a empolgá-Io. É bom o trabalho que dá dinheiro, que abre portas, que nos leva para a frente, que faz a gente ter uma vida cheia de entusiasmo, cheia de excitamento, cheia de diversão, porque trabalho é diversão. 
Para poder colher os frutos, porém, é preciso antes semear. Você que, às vezes, tem muita má vontade, fica na queixa, na crítica, sempre achando que tem razão em ser ruim, perverso com as pessoas, em ser desagradável, vou lhe dizer uma coisa: 
- Você está cavando a própria solidão. Você que gosta de se fazer de certinha, de santinha e, em vez de fazer as coisas, fica aí se adulando para parecer bonitinha, vaidosa, vai acabar na depressão, na miséria interior. 
Boa vontade é uma coisa boa, mas não quer dizer que a gente deva ser submisso à vontade dos outros. Posso ter boa vontade, mas não vou fazer o que o povo quer só porque quer. Só porque fica me ameaçando: 
- Ah, já que você não me ama, vou embora. 
- Ah, então vá, trem ruim. Já que você não gosta de mim, pode ir. 
A gente também tem que ter coragem. Não estou dizendo para você ser boba. Quando digo para ser boa é para fazer a caridade inteligente. É para ter boa vontade, mas com inteligência, sabendo que o ser humano não valoriza quem se desvaloriza. 
Ninguém é valorizado
se não se valorizar,
e valorizar-se é dar-se crédito.
É dizer: 
- Só estou fazendo porque eu gosto, não porque você quer. Não tenho obrigação de cozinhar todo dia, estou fazendo porque eu gosto. Não tenho nenhuma obrigação de criar filho, estou fazendo porque eu gosto. Estou casada com você, mas não tenho obrigação nenhuma, estou porque eu gosto. 
Tem que ter coragem, tem que ter personalidade, firmeza espiritual na vida. Não pode ser pamonha. A gente é bom porque gosta de ser bom. Tem boa vontade? Muita, mas não sou trouxa. Trouxa, não! Trouxa de roupa para jogar para lá e para cá, não. Assim também não quero. Não vem, não, coração! Como quem diz: olha, vá pelo coração, não venha com safadezas comigo. 
- Olha, eu sou boa, mas não sou boba. Não abuse 
- É assim que você tem que falar. - Vamos com calma. 
Diga para o filho: 
- Quero acertar as coisas com você pelo bem, porque tenho boa vontade com você, entendeu? Mas você fica na rebeldia, não quer colaborar. A casa também é sua e cada um tem que fazer sua parte. Aqui não é maloca. Tirou, tem que botar no lugar. Não é porque sou boa que vou ser boba. Vamos agir pelo bem, porque faço de coração. Se você não pode entender a lei do carinho, do amor, do respeito, então vai se dar mal. 
Geralmente a criança tem muita boa vontade. É a gente, com nosso gênio ruim, com essa mania de gritar, falar, mandar, ser estúpido, que cria na criança a rebeldia. Se a criança, desde pequena, é tratada com respeito, ela se torna muito cooperativa. O ser humano só fica agressivo e rebelde quando é violentado. Quando não é violentado na sua dignidade, ele é profundamente bom, cooperativo. Claro que cooperação depende da inteligência de cada um. Uns podem mais, outros podem menos, e a gente precisa compreender o limite e ajudar a pessoa a crescer em seu limite. De pouquinho em pouquinho, a gente vai crescendo, vira um montão. 
Mas você é a primeira a ser malcriada na frente das crianças, pensa que pode fazer tudo o que quer, sem respeito ao lar. Depois aguente as encrencas, porque o que você semeia você colhe. Lar precisa de respeito, e respeito requer breque. Se não souber brecar e desviar sua energia para um campo mais inteligente, você não vai ter a paz e o lar com que sonha. Vai ter uma casa bagunçada, atormentada, perturbada e vai dormir no meio dessa perturbação que você mesma criou. Vê lá o que você anda fazendo. Para se manter um lar perfeito, bom, de amor, precisa de respeito, de breque e, ao mesmo tempo, de coragem para renovar e trazer sua boa vontade e inteligência em campo. Respeito, minha gente, respeito! 
Só porque é seu irmão, você fala assim? Como se destratam os pais! Que coisa mais arrogante. Os pais também são iguaizinhos, porque ninguém é abusado se não foi abusado também. Não estou dizendo que as crianças deveriam ser caladas, como antigamente, todas mudas, reprimidas, não é isso, não. Mas a gente sente que na fala há o desrespeito, o xingo: 
- Ah, porque você ... 
Isso é feio demais. É falta de amor, de boa vontade. Você que é a patroa em casa, você que é o dono da casa precisa começar com a verdadeira caridade no lar que é o respeito, o carinho. Olhe para sua família. Será mesmo que você está feliz ali? Será que está feliz nesse lar que plantou para você, atraindo esses companheiros com esse tipo de vida, de perspectiva, uns frios, indiferentes, outros enlouquecidos, doentes, alguns completamente ausentes, outros presentes, colados, grudados, sugadores? 


Calunga, "Tudo pelo Melhor".