O CONTENTAMENTO é o objetivo da vida, e a meditação é o meio para atingi-lo. Sem a meditação, ninguém nunca saberia verdadeiramente o que é contentamento.
Não é prazer. Prazer é fisiológico, químico. Não possui profundidade e é muito momentâneo. Por exemplo, um orgasmo sexual é prazer. Durante alguns instantes você está no topo do mundo, mas apenas naquele curto período de tempo. Logo em seguida vem uma profunda tristeza e uma depressão se instala. Ë por isso que, após fazer amor, as pessoas dormem. Ë uma forma de evitar a tristeza.
Para garantir a reprodução das espécies, a natureza encontra maneiras espertas de fazer com que certas coisas aconteçam. Se não fosse pelo prazer, a atividade sexual pareceria tola. Seria como fazer ginástica ou ioga. Por conta do prazer, as pessoas estão dispostas a fazer várias coisas idiotas. Mas é apenas um fenômeno químico, hormonal, psicológico. Não pode ser mais profundo que isso, pois a fisiologia não é profunda.
Contentamento não é nem mesmo alegria. O que chamamos de alegria é psicológico. Sempre que você encontra um momento de exaltação e entusiasmo, seu ego fica preenchido e você se sente alegre. Quando obtém uma vitória pessoal, é eleito ou ganha alguma competição, se sente alegre, pois você derrotou os adversários, obteve sucesso, fama, dinheiro, glória. Mas logo se cansará disso tudo.
Apenas as pessoas bem-sucedidas sabem quão cansativo é o sucesso. Apenas as pessoas ricas sabem quão profundamente desapontadas estão. Mas elas nem mesmo podem dizer isso, porque pareceria ainda mais tolo, as pessoas iriam rir. Elas desperdiçaram suas vidas acumulando riquezas e agora dizem que isso foi uma má ideia.
Sempre que seu ego estiver preenchido, você se sentirá feliz. Mas contentamento é um outro fenômeno, completamente diferente. Não pode ser prazer, pois não é fisiológico. Não pode ser alegria, pois não há preenchimento do ego. Pelo contrário, é a dissolução do ego, é a dissolução de sua entidade. Meditação é isso: a junção, a dissolução em meio ao todo, esquecendo completamente que você é algo separado, lembrando apenas de sua
unidade com o todo. É por isso que Gurdjieff costumava chamar seu processo de meditação de “autolembrança”. Buda chamava sua meditação de “lembrança correta”.
Somos um só com o todo, ainda que pensemos que estamos separados dele. Somos inseparáveis. Não podemos nos separar simplesmente porque pensamos que estamos separados. Basta lembrar. Basta deixar para trás essa falsa noção de que somos separados.
Nesses raros momentos em que você deixar de lado seu ego, sua personalidade, seu complexo mente-corpo, para tornar-se apenas um observador, uma testemunha, uma consciência, você descobrirá a meditação.
Com isso, você sentirá um grande contentamento, vindo de todas as direções, de todas as dimensões. Todo seu vazio interior será imediatamente preenchido. Ele se tornará um lago de contentamento. Este é o objetivo, e o método e a forma de atingi-lo são a meditação. Não há alternativa.
Portanto, é preciso aprender a assimilar o espírito da meditação. Não importa quanto tempo irá levar, qual será o preço, é preciso estar pronto. Uma vez que você esteja pronto, não será difícil. É esse estado de espírito que faz com que você se torne merecedor desse enorme contentamento, e as coisas passam a ser bem simples então.