Vigie A SUA "casa" interior

domingo, 11 de setembro de 2011

As coisas deste mundo são muito pequenas. Mesmo que você tenha um reino o que é isso? Uma coisa muito pequena. Onde estão os reinos que existiram na História? Onde está a Babilônia? Onde a Assíria? Onde o reino dos faraós? Todos desapareceram, são apenas ruínas — e esses reinos eram grandes. Mas o que foi que eles conseguiram? O que Gengis Khan conseguiu? O que Alexandre conseguiu? Todos esses reinos são apenas coisas triviais.
E você não sabe o que está perdendo — está perdendo o Reino de ‘Deus’. Mesmo que você obtenha sucesso, o que conseguirá através dele? Observe as pessoas de sucesso: o que elas alcançaram? Elas também estão em busca da paz mental — mais do que você. Também temem a morte, assim como você.
Se observar todos os momentos de uma pessoa bem sucedida, descobrirá que esses "deuses" também têm pés de barro. A morte os pegará. E todo o sucesso ruirá, toda a fama irá desaparecer. Todas as coisas parecerão um pesadelo: tanto esforço, tanta miséria, tanta privação — e tudo perdido. No final, a morte chega e tudo desaparece como bolha de sabão. E por causa dessa bolha o eterno é perdido.
"E minha alma afligiu-se pelos filhos dos homens, porque seus corações estio cegos e eles rido, veem que vazios vieram ao mundo e vazios procuram sair dele novamente".
Viver no mundo sem ser do mundo
Vazios vocês vieram, mas não exatamente vazios: cheios de desejos. Vazios sairão, mas não exatamente vazios: novamente cheios de desejos. Mas desejos são sonhos; e você permanece vazio. Os desejos nada têm de substancial em si. Você nasce vazio, move-se pelo mundo e acumula coisas apenas por achar que essas coisas irão preenchê-lo. Mas permanece vazio. A morte arranca tudo e novamente você vai para o túmulo — vazio.
Em que ponto chega toda essa vida? Qual o seu significado e qual sua conclusão? O que você adquire através dela? É essa aflição de Jesus ou de Buda ao olhar para os homens. Eles estão cegos, e por que estão cegos? Onde está essa cegueira? Não que eles não sejam espertos — são muito espertos, mais do que precisam, mais do que podem, mais do que é bom para eles. São excessivamente espertos, ladinos.
Pensam que são sábios. Não que eles não possam ver, eles podem, mas só enxergam as coisas que pertencem a este mundo. Seus corações estão cegos, seus corações não podem ver.
Você pode ver com seu coração? Já viu alguma coisa com seu coração? Muitas vezes, você pensou: "O sol está nascendo e a manhã é linda" E acha que isso vem do coração. Não! Porque sua mente ainda está tagarelando: "O sol é belo, a manhã é bela" — você está simplesmente repetindo as ideias dos outros. Você já sentiu realmente que a manhã é linda — esta manhã, o fenômeno que está acontecendo aqui? Ou está simplesmente repetindo palavras?
Você se aproxima de uma flor. Aproxima-se realmente? A flor tocou seu coração? Ela atingiu o mais profundo do seu ser? Ou você apenas olhou para ela e disse: "Ela é bonita, é bela!" Estas são palavras quase mortas porque não vêm do coração. As palavras nunca vêm do coração. Os sentimentos sim, mas não as palavras. As palavras vêm da mente, os sentimentos vêm do coração. Mas aí você está cego. Por que está cego no coração? Porque ele o conduz a caminhos perigosos.
Assim, ninguém se permite viver com o coração. Seus pais têm tomado cuidado para que você viva com a mente, não com o coração, porque o coração pode fazer você fracassar neste mundo. Ele faz isso; e, a menos que você fracasse neste mundo, nunca sentirá sede de outro mundo.
A mente conduz ao sucesso terreno. Ela é ladina, calculista, e manipuladora — e o conduz ao sucesso. Por isso, todas as escolas, todos os colégios, e universidades lhe ensinam como ser mais "intelectual". As pessoas "intelectuais" conseguem obter medalhas de ouro. Elas são bem sucedidas e podem ter as chaves para entrar neste mundo.
Mas um homem de coração é um fracassado porque não pode explorar. Ele é tão amoroso que não pode explorar. É tão amoroso que não pode ser mesquinho, não pode acumular nada. É tão amoroso que anda distribuindo tudo; tudo o que ele obtém, dá, ao invés de arrancar das pessoas.
Ele é um fracasso. E é tão verdadeiro que não pode enganá-lo. É sincero, honesto, autêntico; é um estranho neste mundo, onde só as pessoas ladinas podem ser bem sucedidas. É por isso que os pais tomam cuidado para que o coração da criança torne-se cego, completamente fechado, antes que ela comece a se mover pelo mundo.
O que VOCÊ deixa "entrar"?
Você não pode orar, não pode amar. Ou pode? Você pode orar? Você pode — vá a uma igreja no domingo: as pessoas estarão rezando, mas tudo será falso, porque mesmo suas orações, vêm de suas mentes. Elas as aprenderam, não vêm do coração. Seus corações estão vazios, mortos, não sentem coisa alguma. As pessoas "amam", casam-se e delas nascem as crianças — não nascem do amor. Tudo é calculado, aritmético. Você tem medo de amar, porque ninguém sabe até onde o amor poderá conduzí-lo. Ninguém sabe quais são os caminhos do coração; eles são misteriosos. Pela mente, você está no caminho seguro, na auto-estrada; pelo coração, move-se dentro da selva. Não existem estradas, nenhuma sinalização; é preciso encontrar o caminho por si mesmo.
Com o coração, você é individual, solitário; com a mente, é apenas parte da sociedade. A mente tem sido treinada pela sociedade, é parte dela. Com o coração você se torna um solitário, um marginal. Por isso, todas as sociedades procuram matar o coração. Jesus diz:
"... porque seus corações estão cegos e não podem ver que vazios vieram ao mundo e vazios procuram sair dele novamente."
Só o coração pode ver o quanto você está vazio! O que ganhou? Que maturidade, que crescimento atingiu? A que êxtase chegou? — nenhuma bênção ainda. Todo o seu passado tem sido uma coisa apodrecida. E você tentará no futuro repetir o passado. O que mais pode fazer? É essa aflição de Jesus ou de Buda: sentir-se miserável por você.
OSHO, “A Semente de Mostarda”.