Os relacionamentos afetivos estão cercados de emoções, pensamentos, sentimentos, posturas que não são só individuais. Neles encontramos normas e valores da sociedade, da religião, dos padrões estabelecidos.
Observe como o homem entra em um relacionamento de uma forma e a mulher de outra. Quando os dois se unem, é preciso compreender que o homem e a mulher são diferentes, trabalham suas emoções e sentimentos de maneira diferente. Mas pode-se viver muito bem esta relação, pois diferenças não são defeitos, são apenas diferenças.
O ruim começa quando você quer fazer tipo para que o outro lhe dê aquilo que quer. Quando começamos o nosso joguinho de poder, a primeira coisa que vai embora é o prazer. Muitas vezes vocês estão juntos não porque se amam, mas porque o outro vendeu-lhe a possibilidade de você se sentir melhor com você mesmo ao estar com ele.
Quando muda o seu jeito de ser, fere o seu organismo e acaba doente. AH! Mas é preciso salvar a relação! É? Mas a que preço? Muitas pessoas têm um ideal na cabeça. O de como deveria ser. Tentam se encaixar num modelinho de par perfeito. Deixam que as normas profanem a relação.
Na verdade as relações ficam conturbadas quando um quer mandar mais que o outro. Um quer manipular mais que o outro. E o desejo de manipulação, de poder, é porque a pessoa acredita que sozinha ela não aguenta. Há por trás disso um medo de abandono, um sentimento de rejeição, e então se submetem por medo de perder a única pessoa que ainda fica do seu lado. Não acreditam em si mesmo, sentem-se inseguros e tentam segurar-se no outro, acreditando que o outro pode trazer a segurança que precisam.
Ao fazer tudo para agradar o outro, você se desagrada. Por medo de ficar sozinho, busca a companhia do outro e se abandona.
Para mudar esse quadro só tem um modo: encarar, confrontar, olhar onde você está se pondo, reconhecer e aceitar a própria condição. Olhar seus pontos fracos, olhar a vaidade, o orgulho, a necessidade de parecer ser algo que não é, as defesas, a vontade de ser amado, aceito, considerado. É preciso se autoescutar. Escutar o que na verdade você não está dando para você e pedindo para o outro.
Você está disposto a ser único? Está disposto a ficar do seu lado, quando o outro quer você do jeito dele? Olhe para você: Como é esse verdadeiro aí? Será que você consegue se por em primeiro lugar? Será que você é capaz de deixar o pensar do outro pelo seu? Será que você sabe olhar e perceber o seu? Será que você é capaz de abandonar a pose, o tipo que fez até hoje e bancar você?
Isso cansa, não é? O cansaço é uma forma suave de a alma falar conosco. Descubra porque está cansado. Escute você. Quando percebemos que forçamos a nossa barra, começamos a ceder, assumindo que não estamos bem e, assim, começamos a voltar para nós. Que tal você olhar para você e se dar aquilo que esta pedindo ao outro?
Relacionar-se é bom, somar é bom, mas para que isso seja verdadeiro é preciso que haja duas pessoas e não uma só, porque a outra deixou de existir para que a suposta relação permanecesse. A autopromoção interior é tirar você das suas ilusões de inferioridade. Ninguém é menos. Promover-se é se por ao lado de sua verdade. Impor-se dentro de si mesmo. Afinal de contas, você merece seu crédito, merece sua atenção e seu respeito.
Lousanne Arnoldi De Lucca.