Realidade e ideologia

sábado, 24 de dezembro de 2011

Os modelos idealizados e os modelos da Natureza
É muito comum ouvirmos expressões do tipo,”você está errado, menino!” O tom recriminador é muito nocivo, principalmente na infância, quando a criança está começando a desenvolver sua aptidões. O erro nunca deveria ser recriminado como se fosse feito de propósito, mas entendido como uma tentativa válida para alguém alcançar seu intendo. Ignora-se o desenvolvimento da pessoa como íntegra e valoriza-se o modelo. É dessa forma que surge a desvirtuação. O homem tem que ser assim, a mulher tem que ser assim, a criança tem que ser assim, a mãe tem que ser assim, se não for está errado, caindo no mecanismo dos modelos ideológicos em detrimento da abertura para cada um seguir a Natureza, que tem seu modelo, seu plano original para todos. A Natureza é deixada de lado como um referencial para se considerar certos pressupostos. Foi assim que inventaram o erro.
O erro foi inventado, quando inventaram o acerto
O plano ORIGINAL que a Natureza tem para CADA UM consiste num conjunto de VALORES ÚNICOS, diferenciados, individuais, logo, o caminho também é único, o propósito dela também é único. Você tem uma vida única, um futuro único, com determinadas funções para as quais você foi criado. Seus propósitos estão dentro destes valores da Natureza. Pode ser que você, por mais que se desdobre em fazer algo, jamais consiga se desenvolver em determinada situação, porque não consta do plano original da Natureza em você, enquanto que em outra coisa os resultados revelam-se fantásticos, pois  dentro de si estão os conteúdos, os germes, os dons para tal empenho, ou seja, você está enquadrado no contexto.
Temos que compreender que uns nasceram para uma função e outros nasceram para outra, pois a sociedade, tendo em vista sua diversidade, precisa de todos, cada qual no seu trabalho específico.
Para que você nasceu?
Você já se perguntou alguma vez para que você nasceu? Já procurou saber de quais qualidade e dons a Natureza tão habilmente o proveu? Quantas vezes você tentou ser de um jeito  enquanto seu temperamento é de outro, não é verdade? Quantas vezes você SE violentou em função de achar que devia seguir um modelo ideológico e acabou se machucando?
Uma dica importante para você chegar à realização é compreender que A SUA realização não está em tudo, mas em certas coisas específicas com que a Natureza o equipou
Aliás, isso é determinante para alcançar a prosperidade que tanto deseja. Quantas vezes você sonhou em ter a vida do outro? Saiba que é NA PRÓPRIA vida que irá encontrar os elementos para fazer determinadas coisas, que só você vai fazer para realizar-se. Só SUA individualização o levará à realização.
Temperamento e personalidade
Aaaahhh que lindo!
Temperamento é a qualidade do potencial espiritual em cada um. São características, dons, capacidades específicas, individuais, potenciais de qualidades que compõem a estrutura do Espírito. São os dons divinos de cada um. Por isso, aceitar o seu temperamento é seguir a Natureza em você. Se foi a Natureza que o proveu com tais características, significa que são inatas e imutáveis. Significa, ainda, que seu temperamento não dá para ser mudado, porém pode ser educado, aperfeiçoado e desenvolvido. O temperamento faz com que a pessoa se sinta à vontade na função que ela quer desempenhar. É como se diz: “É o jeitão dela”. Ela em vocação para aquilo, identifica-se com aquilo e o talento flui naturalmente.
A personalidade, por sua vez, é aprendida, construída, modificada ao longo da vida, de acordo com a aprendizagem necessária para que a pessoa saiba lidar bem com o mundo exterior. Por sua razão é mutável. Se mudarmos para um país de língua, cultura, religião, costumes diferentes, teremos que mudar nossa personalidade, para os adaptarmos à nova sociedade. Esse é o lado bom da alteração da personalidade.
Embora a personalidade seja aprendida e modifica no decorrer da vida atual, quando a pessoa nasce já vem com certos traços, seguindo tendências de personalidades adquiridas em vidas passadas. O maior benefício da reencarnação é justamente a possibilidade de reestruturar, de reciclar a personalidade no sentido de ela conviver em harmonia com o temperamento.
Uma boa personalidade é aquela que ajusta bem o temperamento da pessoa com o ambiente
A personalidade vai criando estilos, formas que se adaptam a um contexto, e se expressa não só para servir ao interesse do mundo, como também para possibilitar a expressão do temperamento da pessoa.
A personalidade, portanto, a pessoa a modifica conforme sua conveniências sociais, profissionais e religiosas, fazendo com que se sinta à vontade nos mais diversos ambientes. Todavia, o temperamento, que é imutável, quando corrompido, não aceito, ou simplesmente reprimido, as consequências são terrivelmente danosas. Daí advém as mais diversas patologias e a morbidez do ser humano.
Ao corromper, castrar ou reprimir o temperamento para seguir o idealizado, a pessoa bloqueia a ação da Natureza EM SI, violentando-se
Por isso a ideologia é o maior dos crimes. Toda violência da humanidade nasce ali.
Ousadia reprimida
Ao reprimir o temperamento, a ousadia, um de seus traços importantes, se retrai. Em consequência, a pessoa desenvolve os mais diversos tipos de medo e fobias.
O temperamento quando reprimido vai se voltar contra a pessoa, ou seja, ela vai atacar aquilo que o prejudica, fazendo-a experienciar o medo, a fobia, a compulsão. É como se a pessoa virasse inimiga do seu temperamento.
O mundo exterior, que se alimenta de ideologias, está aí para ser como pode ser. O MUNDO INTERIOR, não. Este precisa ser alimentado como quer a Alma, que tem o senso da realidade, e ela quer que a pessoa aceite SEU temperamento. Só assim obterá a realização.
Os medos e fobias quando não tratados, ou seja, quando a ousadia não é reassumida, fazem com que a pessoa entre num terrível processo vicioso crescente: eis que a falta dela provoca o medo, e ele contribui para reprimir ainda mais a ousadia, que por sua vez provoca mais medo, culminando com a síndrome do pânico e, por conseguinte, com a perda total de sua liberdade, uma vez que a pessoa passa a evitar os lugares onde a crise a acomete.
Que tal? Você faz tudo o que seu temperamento tem? Você realmente aceita SEU temperamento como um todo? Não será por isso que você tem algumas manias o vícios estranhos? Como será mesmo seu temperamento? Uma maneira de descobrir é pensar em quando você era criança, e ia ausente da preocupação adulta e social. Do que você gostava? Quais eram as sua tendências e preferências? Imagine-se, agora, sendo essa criança, como você se sente? Como você quer viver? Do que você gosta? Pelo que você se interessa na vida?
Ideologia é arrogância
Quando alguém taxa de errado o ato, a maneira de ser do outro, deixa de levar em consideração várias circunstâncias. A pessoa pode ter se enganado, pode estar tentando acertar, pode ter esquecido. Por trás do ideológico SEMPRE vem a recriminação, a punição, o amedrontamento, o violentar, o forçar o outro a seguir o que se idealizou. A ideologia é pura ARROGÂNCIA, ou seja, ao fantasiarmos o que seria bom, desejamos que a realidade seja daquela forma. Acontece que a realidade tem seu curso natural e se direciona a partir de uma série de variáveis, de situações muito maiores, muito mais específicas do que aquilo que a fantasia levou em consideração. “Eu preciso comer porque estou com fome”. Isso é real. Agora, no que me baseei para afirmar que eu tenho que ser assim? Eu tenho condições de ser assim? Estou maduro para tal? Tenho motivação para isso? Está implícito no meu temperamento? É justo para mim? É um bem para mim? Ou seja, existem tantas questões ao meu favor, que precisam ser levadas em conta antes de validar a fantasia de que eu tenho que ser assim.
O segredo do sucesso é ser si mesmo
O conceito de erro que nós adotamos na sociedade, dentro da ideologia do certo, e não nas condições reais da situação da pessoa ou do fato, acaba por provocar consequências desastrosas em nossa vida, tirando-nos o prazer de viver, trazendo-nos uma série de sofrimentos que podem variar de uma simples tristeza à loucura ou à morte, em função das culpas, arrependimentos, complexos, traumas, revoltas, queixas, críticas, ressentimentos, decepções por não termos conseguido o ideal.
Alma é que tem o senso de realidade
Nós somos realmente despreparados e fracos para lidar com a fantasia. Não lidamos melhor com a realidade porque não sabemos lidar com a fantasia. Aprendemos que os cinco sentidos são os responsáveis pelo senso de realidade, mas acontece que eles são monitorados pelas ideias, na maioria das vezes ilusórias, e como a gente vê tudo por intermédio delas, nossa percepção não é de confiança. Geralmente, é distorcida. Se a cabeça não for boa, as ideias também não serão e a realidade será um transtorno que tenderemos a evitar. Por exemplo, a ideia que temos de beleza faz com que exista o feio. Se tirarmos a ideologia do belo, teremos a realidade da Natureza, pois cada um tem sua singular beleza. Quem sabe onde está o real, como é o real? Não são os cinco sentidos, nem o sexto, nem a mediunidade, mas o sétimo sentido, a Alma, que tem todos os sensos e também é responsável pela organização da realidade.
Luiz Gasparetto, “Revelação da Luz e das Sombras”.