Lindo poema...

terça-feira, 27 de julho de 2010


"Amar o que eu sou
Todo indivisível que constitui o ser
e o acontecer do meu corpo
no espaço e no tempo.
Amar as coisas que estou fazendo
e o modo como as faço.
Amar as minhas limitações
como amo as minhas possibilidades,
e nos meus acertos e erros
amar o meu projeto, que vai se transformando em obra
no trabalho da construção de mim mesmo.
Amar-me como eu estou, aqui e agora
vivendo a vida simplesmente
naturalmente
com o ar que eu respiro,
como o chão que eu piso
como as estrelas que eu sonho.
Às vezes gostar de mim é um desafio,
-uma prova de fogo -
que revela se eu realmente me amo,
ou se finjo amar-me.
Gostar de mim na perda,
quando a vida me fecha uma porta,
sem nenhum aviso ou explicação.
Gostar de mim quando me comparo com os outros,
com os padrões estabelecidos
de sucesso, beleza, inteligência, poder,
deixando de amar aquilo que sou,
em nome daquilo que me falta
ou daquilo que me sobra
em relação ao meu semelhante.
Gostar de mim quando eu erro,
quando fracasso,
quando não dou conta,
quando não faço bem feito
e ainda encontro quem me critique
ou zombe de mim
por eu ter sido apenas o que eu sou:
- limitado, vulnerável, imperfeito, humano.
Gostar de mim no fundo do poço,
cabeça a mil,
coração a zero,
e ainda assim,
como um amigo fiel, atento e carinhoso
ser capaz de ouvir e de respeitar
as referências do meu próprio corpo.
Amar-me é responder Presente
à chamada do Presente
Estar presente é estar inteiro,
estar inteiro é estar consciente
das partes nem sempre lógicas e coerentes
que constituem o meu ser aqui e agora.
Estar presente é RESPIRAR.
Presente é o presente que a vida me dá a todo momento:
-devo recusar ?
Amar-me é aprender a conviver
com as minhas contradições.
A vida é a síntese de todos os opostos que constituem a vida:
- homem e mulher
nascimento e morte
alegria e tristeza
sucesso e fracasso
acerto e erro
alto e baixo
bom e mau
prazer e dor.
Experimento o verdadeiro auto-amor
quando descubro, sob o véu dos meus conflitos,
a maravilhosa harmonia que existe
entre todos os opostos.
Eu me relaciono com as pessoas
do mesmo modo como me relaciono comigo.
Se eu me amo, não sei te odiar
se eu me odeio, não sei te amar
Se eu me desprezo, não sei te respeitar
se eu me respeito, não sei te desprezar
Como eu me aceitar, se eu me rejeito?
Como te rejeitar, se eu me aceito?
Geraldo Eustáquio de Souza, "Eu comigo, aqui e agora".