Como o povo é engraçado com essa mania de copiar! Um copia o outro. Parece que Deus não deu ao homem o poder da criação. Mas cada um é si mesmo. Cada um é, na verdade, um universo, um jeito próprio de falar, de se mexer, uma cabeça, uma sentença. Cada um é uma cara, mas o povo faz uma força para ficar com a mesma cara, vestir as mesmas roupas, fazer tudo igual.
É uma coisa engraçada o ser humano. Vocês não acham?
A natureza trabalha pela originalidade e o homem trabalha pela ilusão da igualdade, porque acha que tem que ser igual, porque não quer ser diferente. Ao mesmo tempo em que, de vez em quando, ele quer ser especial para ser melhor do que os outros. Mas não quer ser diferente, não. Quer ser igual. Um imita o outro, fala igual ao outro, faz igual ao outro, quer comprar a roupa que o outro comprou, quer comprar o carro que o outro comprou. É de uma pobreza!
O homem podia ser tão mais colorido, trazendo de dentro de si a sua originalidade. Mas todo mundo esconde. Morre de medo de mostrar uma coisinha diferente. "Ai, que loucura!" Tem medo de parecer louco:
- Eu faço isso, mas isso aqui é normal.
Ah, minha gente, que doença! Você é normal, minha filha? Você, então, é doente. Eu sinto muito, porque você está contra a sua natureza. A natureza não é normal, não! Ela faz cada um com uma cara, faz cada um de um jeito. E aí vem vocês dizer que está errado, que vocês têm que ser tudo igual. Falam igual, comem igual, pensam igual. Que coisa mais triste! E tem gente sofrendo nesse mundo só porque quer ser igual. Não é uma coisa engraçada o ser humano? Sofre porque, na verdade, fica contra si, se sente esquisito, um marginal.
- Ah, porque não sou igual. Quero ser igual à fulana, igual à sicrana.
Mas as pessoas escondem isso.
- Ah, mas isso não é normal, Calunga?
Que coisa triste quando a pessoa pensa assim. Penso: coitada, como vai sofrer na vida. Quanta luta para esconder a própria natureza divina dentro dela. Uai, Deus não se repete em ninguém. Se você está procurando ser normal, está contra Deus e só vai arrumar encrenca na vida. Vai, meu filho!
- É que eu não gosto de ser diferente. Tenho medo que os outros me olhem e digam: "Ah, que mulher mais esquisita! Que homem esquisito!"
O povo fica na vaidade, mesmo. Vive para os outros verem, para os outros não falarem. É um povo de uma pobreza, uma coisa triste que vai descolorindo a vida dele, descolorindo, desbotando e vai ficando aquela coisa velha, feia. Anda pela rua como uma alma penada. Esse povo dirige carro, come, vê televisão, mas é um povo todo desbotado, sem cor, sem vibração, sem alegria, sem entusiasmo. Todos fazendo as obrigações da vida.
- Ah, Calunga, porque eu tenho as minhas obrigações. Sou uma pessoa responsável.
Tudo sem cor, os olhos sem vida.
-Ah, Calunga, sou assim, mas também todo mundo é! Então, você está pior do que eu pensei. Está numa vida ruim, triste, traindo a sua natureza. Está numa vida descolorida. E depois ainda ataca a vida:
- Ah, porque a vida é ruim, a vida é sem graça, a vida é cheia de problemas. Porque eu sofro assim, porque sofro assado.
Ninguém quer ver que a vida deu tudo, está cheia de cor, de originalidade, de vibração, cheia de força, cheia de possibilidades.
Mas, na cabeça, vocês querem ser normais. Sofrem da doença do normal. Normal é descolorido, minha gente! Normal é sem cor. Normal é um número na multidão. Você quer ser um número na multidão, é? Será, minha filha, que isso vai satisfazer o seu espírito? Se satisfizer, está bom. Mas se você está com tédio, se sofre de insatisfação na vida, é porque você é normal. É cheia de tapeação com as coisas materiais.
- Ah, porque eu trabalho para viver, para sustentar, para criar os filhos e tal ...
E é aquela vida descolorida, sempre igual. As pessoas assim ficam sobrando pelos cantos da vida, feito zumbi. E depois ficam aí sofrendo na mente social encarnada, nessa danação na Terra, seguindo os normais. Enquanto o seu espírito interior, sua alma, seu ser essencial tem que esperar você se cansar dessas besteiras para despertar para si e emancipar-se para seguir os planos que a natureza arquitetou para você. Muitas vezes é o sofrimento que desencanta as besteiras do mundo para que a alma possa se libertar e ser feliz, porque ninguém pode ser feliz negando Deus dentro de si, negando a sua essência, a sua natureza. Não importa, minha gente, o discurso que você faz, as histórias que você conta. Se age contra a natureza, o resultado é dor e sofrimento.
Fica copiando os outros, sem entender que ser espiritual é ser a gente mesmo. É aceitar Deus em nós. O que é Deus em nós, minha filha? É você mesmo do jeito que você é, com as suas esquisitices. O que você chama de loucura nada mais é do que as características que Deus lhe deu: a cara, a mão que Deus lhe deu. O que você pensa que é?
Se quer deixar de ser macaca, pare de copiar. Como é que você quer ser espiritual, se é macaca? Uai, você não gosta de ver que é macaca, mas é! Não pode ver as coisas dos outros que já quer:
- Ah, que bonito, também quero.
É macaquinha, tola, com uma vida pobre, pequena, cheia de coisa ruim. Vamos levantar e entender, de uma vez por todas, que honrar a vida em nós é uma necessidade para criar o sucesso, de harmonia, de paz interior, de elevação, de crescimento e de desenvolvimento. Para que você tenha a realização, a felicidade e a posse dos tesouros que a natureza lhe deu e não que negue.
O povo que quer consertar a obra divina só pode ter problema. Você acha que não? Aposto que você tem muita coisa que não solta, que prende:
- Ah, Calunga, se eu for assim, vão dizer que sou louca. Se eu for assim, vou perder o meu emprego ...
Essas bobagens que você pensa. Acha que se louvar a Deus, Deus vai abandoná-Ia? É você que abandonou Deus para ser igual aos outros, para se enganar. Depois perdeu tudo o que Deus pode lhe dar. Quando louva a Deus, assumindo a sua verdadeira pessoa, você põe Deus do seu lado, põe Deus e as facilidades do Universo divino a seu favor, porque o Universo divino está cheio de facilidades, de forças, de poderes que podem trabalhar para nós. Mas se a gente está contra ... Uai, depois fica se queixando que a vida é dura, que não tem isso, não tem aquilo ... Mas você é contra, minha filha. Quer parecer bonitinha para os outros, em vez de honrar a sua natureza. Depois que você fica igual a todo mundo e que ninguém liga mais para você porque você é uma igual, é uma qualquer na multidão, um nada, fica aí:
- Ah, fui rejeitada. Ah, esse mundo é cruel e ninguém liga para ninguém. Só os ruins têm dinheiro, têm destaque ...
- Ah, que conversa feia. Não mostre assim sua degra.dação. Fica feio exibir a sua ignorância por aí. A gente fica olhando a vida curar: o povo no leito da dor, largando qualquer vaidade. No sofrimento, a gente vai vendo que nada vale a pena, porque a dor nos chama para a verdade, para nos tirar da ilusão e da vaidade. Fico só olhando o trabalho da vida em cada um. Como a vida corrige as loucuras da gente, as bobagens e as ilusões.
Quando a gente vê a pessoa que é muito si mesma, que assume sua natureza interior, que leva para a frente, pode crer que chegou lá porque já passou, já se desiludiu:
- Besteira essas vaidades do mundo. O negócio é ficar em paz com a minha natureza, é ser o que se é. Deixa eu também não ficar me incomodando com o criticismo dos outros.
Quem é natural não é normal. Quem está do lado de Deus e da natureza não é normal.
Mas que é engraçado, é! É um planeta de macaquinhos. Só não ficam pendurados em árvores, mas andam de carrinho pendurados nos elevadores. É, realmente, tudo macaquinho!
Calunga, "Tudo pelo Melhor".