A dança chamada Amor (2)

quarta-feira, 23 de março de 2011

As pessoas são muito mesquinhas. Elas estão esperando por algum grande amante aparecer, então elas amarão. Elas permanecem fechadas, recuadas. Elas apenas esperam. De algum lugar uma Cleópatra virá e então eles irão abrir seus corações, mas nessa hora já esqueceram completamente como abri-lo.
Não perca nenhuma oportunidade de amar. Mesmo passeando numa rua, você pode ser amoroso. Mesmo para com o mendigo você pode ser amoroso. Não há necessidade de dar a ele alguma coisa; você pode pelo menos sorrir. Isso não custa nada, mas seu próprio sorriso abre seu coração, torna seu coração mais vivo.
Segure a mão de alguém – de um amigo ou de um estranho. Não espere só amar quando a pessoa certa aparecer. Assim a pessoa certa nunca irá aparecer. Continue amando. Quanto mais você amar, maior é a possibilidade da pessoa certa aparecer, porque seu coração começa a florescer. E um coração florescendo atrai muitas abelhas, muitos amantes.
Você tem sido treinado de uma maneira bem errada. Primeiro, todo mundo vive sob uma impressão errada de que todo mundo já é um amante. Apenas por nascer, você pensa que é um amante. Não é tão fácil assim. Sim, existe uma potencialidade, mas a potencialidade precisa ser treinada, disciplinada. Uma semente existe, mas ela tem que se tornar uma flor.
Você pode continuar carregando sua semente; nenhuma abelha virá. Você já viu alguma vez abelhas vindo para as sementes? Não sabem elas que sementes podem se tornar flores? Mas elas só chegam quando as sementes se tornam flores. Torne-se uma flor, não permaneça uma semente.
Duas pessoas, separadamente infelizes, criam mais infelicidade para cada um quando se juntam. Isso é matemático. Você era infeliz, sua esposa era infeliz e ambos têm esperanças de que ficando juntos serão felizes? Isso é... isso é uma aritmética tão simples, como dois mais dois são quatro. Tão simples assim. Não faz parte de nenhuma matemática complicada; isso é muito simples, você pode contar nos seus dedos. Ambos serão infelizes.
Cortejar é uma coisa. Não dependa do cortejar. De fato, antes de você se casar, livre-se do cortejar. Minha sugestão é que casamento deve acontecer após a lua de mel, nunca antes disso. Só se tudo correr bem, só então o casamento deve acontecer.
A lua de mel depois do casamento é muito perigosa. Tanto quanto eu sei, noventa e nove por cento dos casamentos acabam quando a lua de mel acaba. Mas então você foi apanhado, assim você não tem como fugir. Então toda a sociedade, a lei, o tribunal – se você deixar a esposa todo mundo fica contra você, ou se a esposa lhe deixar todos ficarão contra ela.
Portanto, toda a moralidade, a religião, o padre, todos estão contra você. Na verdade, a sociedade devia criar todas as barreiras possíveis para o casamento e nenhuma barreira para o divórcio. A sociedade não devia permitir que as pessoas casassem tão facilmente. O tribunal deveria criar barreiras – viva com a mulher por pelo menos dois anos, desse modo o tribunal pode lhe permitir casar-se.
Agora mesmo estão fazendo exatamente o contrário. Se você quer se casar, ninguém pergunta se você está preparado ou se é apenas um capricho, só porque você gosta do nariz dela. Que tolice! A pessoa não pode viver só pelo nariz longo. Após dois dias o nariz será esquecido. Quem olha para o próprio nariz da esposa? A esposa nunca parece bonita, o marido nunca parece bonito. Uma vez que se torna familiarizado, a beleza desaparece.
Duas pessoas devem ser permitidas viverem juntos tempo bastante para ficarem familiarizadas, conhecidos um para com o outro. E mesmo que eles queiram se casar, não devia ser permitido. Assim os divórcios desapareceriam do mundo. Os divórcios existem porque os casamentos são errados e forçados. Os divórcios existem porque os casamentos são realizados num clima romântico.
Um clima romântico é bom se você for um poeta... e os poetas não são tidos como bons maridos ou boas esposas. De fato, poetas são quase sempre solteiros. Eles ficam por aí mas nunca são apanhados e desse modo seu romance permanece vivo. Eles vão escrevendo poesias, lindas poesias. A pessoa não devia se casar com um homem ou com uma mulher num clima poético. Deixe que o clima de prosa venha, então estabeleça. Porque a vida do dia a dia é mais como prosa do que como poesia. A pessoa deve ficar bastante amadurecida.




Osho, "The Discipline of Transcendence".