Caridade é a disposição para o bem (4)

domingo, 3 de outubro de 2010

Caridade social não é ficar dando comida para pobre. É acordar a consciência dessas pessoas para produzir, para trabalhar com boa vontade, para crescer. Vocês ficam querendo dar tudo para pobre. Que coisa para pobre, nada! Pobre precisa de estímulo. Ô meu filho, vamos trabalhar, vamos fazer. Você não quer, meu filho? Então, vocês vão todos morar no mato, feito índio. Vocês vão comer do que apanharem, do que pegarem no rio e não vão ficar aqui na sociedade, amolando quem quer ir para a frente.
A gente precisa ter essa conversa que vocês acham que é dura, mas não é não. A sociedade precisa oferecer escola, treinamento para essas pessoas, ajuda para aqueles que querem ser ajudados.
Agora, ficar dando Tudo de graça? 
Isso está errado. Não é caridade, não! 
Caridade é promoção
Do ser humano.
Precisamos promover as pessoas para uma categoria melhor. Que vergonha esse povo todo miserável na fila para pegar uns quilos de comida! Que vergonha para o país esse povo na miséria! Mas é o espírito da pessoa que está ali, incomodado, porque não quer aproveitar a chance. Precisa de boa vontade e de esforço para consigo próprio.
A sociedade dá muitas chances. O povo é bom e sempre se encontra tolerância e uma mão que queira ajudar. Esses espíritos ficam todos na moleza e o povo endossa na hipocrisia de dar para os pobres. Tem que ensinar os pobres a conseguir por si, a se estimular. Tem que dizer:
- Olhe aqui, você tem capacidade e não precisa ficar nessa vergonha de pedir as coisas, de pegar uns quilinhos aqui, um brinquedinho ali. Que coisa mais feia! Você é um ser humano, um homem com capacidade. Vamos fazer uma força, vamos aprender um ofício, vamos andar.
Se a sociedade toda falasse assim, essa gente acabaria com essa ignorância, mas o povo endossa. A gente não pode endossar. Ao contrário, tem que dizer:
- Vamos para o serviço, vamos trabalhar. 
Há muita coisa para se fazer neste mundo. O povo, porém, é acomodado. Às vezes, nem é pobre. Às vezes, foi uma pessoa estudada, até bem amparada.
- Ah, estou dezoito meses desempregado, Calunga. - Quanto? - Dezoito. - Pouca vergonha, que sem-vergonhice! Por que não inventou algum serviço com tanta coisa para fazer? O povo é acomodado, quer emprego. Não quer arrumar serviço. É falta de amor. A vida assim mesmo dá milhões de chances a cada momento. Às vezes, você tem chance, mas fica com má vontade. Quem vai querer contratar você? Mas o povo não gosta de olhar isso. É rebelde:
- Ah, não, eu sou bom. Os outros é que são ruins. O patrão que é ruim.
- O que é isso, minha gente? É mais fácil pôr a culpa no mundo para não ter que olhar os seus problemas. Isso é falta de caridade. Você é encrenqueiro. Vai ficar na encrenca, na miséria, no sofrimento, na dor e na dificuldade. É muito triste ver uma pessoa assim, às vezes até com muito talento desenvolvido. Tem também aquele miserável que nunca fez nada por si. Tem menos talento desenvolvido e dá trabalho para a sociedade ensiná-lo a ler, a aprender uma profissão, mas a sociedade tem a responsabilidade de cutucá-lo para ir para a frente. Há ainda aquele que já está formado, mas fica com a cabeça no desânimo. Que falta de caridade para com a vida!
A boa vontade para com a vida é a caridade, é a busca do bem. A fé serve para melhorar a vida no cotidiano, porque senão fé nenhuma teria sentido. Mas como é o seu dia-a-dia, hein, companheiro? É isso o que eu quero saber, porque é no vamos-ver da coisa que você mostra o seu valor, a sua força e a sua verdade, que acende a sua luz, a luz da caridade.
A luz da caridade é a boa 
Vontade a cada momento.

Calunga, "Tudo pelo Melhor".