Imaturidade (1)

sábado, 30 de outubro de 2010

As relações familiares são muito turbulentas. As pessoas mais sofrem a companhia dos parentes do que podem usufruir dos benefícios dessa convivência. Elas não entendem o que é limite e, por isso, não podem entender o que é respeito. Sendo assim, a desarmonia é total.
As pessoas são orientadas para se envolverem demais com as outras e para deixarem o que é seu de lado. Elas entendem que é egoísmo, é falta de consideração e de humanidade tomar conta do que é delas e deixar o parente ser responsável por si. Com isso, assumem a responsabilidade dos outros. E, sem perceber, nessa de ser boa, preocupada e cuidadosa, acabam se dedicando de corpo e alma para o outro.
O outro se acomoda, já que há alguém cuidando dele, e não faz nada por si. E como não faz por si, a cada dia piora mais o seu estado, a sua incompetência, o seu mimo. A pessoa fica ranheta, brava e inconsequente. Ela é aloucada, se mete em encrenca, inventa problemas de toda sorte e ainda descarrega em quem ela julga ser responsável por ela. Não toma arrimo na vida, porque acha que tem sempre alguém para carregá-la nas costas.
O povo tem pavor de ficar sozinho. Quer sempre ter alguém para assumir as consequências dos seus atos, quer se pendurar na família, pois não quer ser adulto e responsável por si. Como não faz isso, fica na imaturidade, na inconsequência. Não leva a sério o que precisa levar. Então, o que acontece? A vida se complica, se enche de problemas, de doenças, de confusão. As coisas estão ficando cada dia mais feias, mas não há meio de o povo reparar que não deve fazer isso, que está na hora de mudarmos nossa cabeça, nosso modo de viver em família.
Nós temos que ajudar a pessoa a cuidar de si, mas não fazendo por ela. Somos companhias de reencarne, mas eu não vou assumir a consequência dos seus atos. Não vou me intrometer na sua vida, nas suas decisões. Não vou me preocupar por você, quando você mesmo pode se preocupar consigo.
A mãe que se preocupa com o filho, com o marido, com os outros não assume a responsabilidade por si. É a mãe que não sabe o seu lugar na vida e, portanto, se mistura com os outros e acaba prejudicando a quem tanto ama, com a desculpa de querer bem. Essas mães, esses pais estão na inconsequência, porque não cuidam de si e ficam cuidando dos outros. E, porque cuidam dos outros, ficam esperando que, um dia, essas pessoas melhorem para eles serem felizes.
Mas como isso é impossível, porque cada um tem que fazer o seu trabalho e ninguém pode fazê-lo pelo outro, essa pessoa está sempre na infelicidade, sempre carregando as cargas energéticas dos outros, com dor nas costas, dor na coluna. Ela pega problemas que não sabe resolver, dá palpite, quer segurar a pessoa para não cometer erros e se atropela, se mistura inteira e acaba na impotência, na depressão, na obsessão. E nós estamos assistindo a isso com o coração, confesso, muito triste.
Estou vendo que o povo não toma providência e a energia de vocês, confusa, também nos complica aqui. Pois vocês também participam do mundo astral, com seus pensamentos e com suas emoções. Tudo concorre para que haja desordem e desequilíbrio. Custa para as fontes de reequilíbrio, para os orientadores e para os que estão interessados no progresso humano um esforço muito grande de tentar segurar o mínimo, de tentar renovar. Isso é um problema complicado. Vocês estão aí na inocência, ignorando que existe o poder do mundo astral, o poder dos grandes espíritos sobre vocês aí, na Terra.
Eles estão interferindo constantemente, na medida do possível, para a melhoria da evolução de cada um, sem preferência de ninguém. Todos são iguais: pode ser criminoso, católico, crente. Gente é gente. Nosso trabalho não é o de criticar ninguém, mas de procurar melhorar o que pudermos.
A nossa ação é limitada pelo livre-arbítrio de cada um. Se você decide ir por certos caminhos, nós não temos o direito, embora tivéssemos o poder de interferir - porque a gente conhece uma série de coisas que vocês não conhecem -, mas nós não interferimos. Se interferirmos, faremos a lei de ação e de reação virar contra nós mesmos. Essa interferência quebra o nosso próprio ciclo de equilíbrio e nós caimos. Então, como não temos condições de interferir, mantemos o respeito.
Muitas vezes, você se desespera, reza, pede a Deus, mas nós não podemos fazer nada. Não por não querermos. Às vezes até gostaríamos, pois pensamos sempre no melhor. Mas a verdade é que você com a sua atitude não se endireita, não assume a responsabilidade por si.


Calunga, "Um Dedinho de Prosa".