Essa peleja toda é por vocês serem muito tontos, muito fracos, se deixam levar por essa mania de ser bons, de se fazer de bom. Mas é tudo uma encenação de vocês, uma falsidade danada essa coisa de ser bom. Falso porque vocês não tem coragem de impor a sua verdade, a sua vontade. Tenho certeza de que, se vocês não tivessem medo de ser chamados de intolerantes, vocês passavam a cuidar mais de vocês.
É muita vaidade, muito orgulho, muita loucura. É querer se fazer de santo, de manso. Ficam aí nessa falsidade e não impõem a verdade, a vontade interior. Se negam. E quem se nega não tem jeito: será negado sempre. Os caminhos vão se fechando, a vida fica naquele sofrimento, naquela insatisfação, nas dificuldades.
Não adianta a gente continuar se enganando, pois a nossa essência pede que olhemos muito por nós. Só essa falsa educação, essa "bondade" que impuseram dentro da gente é que nos faz ficar no outro, preocupados com o outro. O outro é o mundo - família, amigos, conhecidos e desconhecidos. O outro é aquela ideia de sentimento comunitário. O outro é a aparência, é a mania que temos de fazer "média" com o externo.
Mas vamos deixar de conversa mole, vamos responder ao que o coração pede, mesmo que timidamente. O coração pede por nós mesmos, ao contrário do sentimento social, que nos empurra para o outro. Vamos deixar de muita oração, muita prece, muita conversa complicada de espiritualidade vazia, e agir como um ser verdadeiro, desejoso por encontrar a paz, a harmonia.
Esqueçam os ideais de tolerância, esqueçam os nomes feios, como a prepotência, como a arrogância. Olhar para os outros, tentando ajudar, não é um defeito. O que não é saudavel é só ficar no outro, fugindo de vocês mesmos, não sendo responsáveis por si.
Para essa consciência tomar conta de vocês, é preciso exercitar a humildade. Humildade, ao contrário do que vocês imaginam, não é se rebaixar, não. Humildade é ter a sabedoria suficiente para perceber que vocês não tem o direito de interferir na vida dos outros, mas tem a obrigação moral de voltar para dentro de si e CUIDAR DE VOCÊS.
Não tenham medo de ser chamados de egoístas por estarem centrados nas suas necessidades. Compreendam que vocês só poderão ser úteis ao mundo quando o seu mundo interior estiver em harmonia.
Quando vocês saem do seu ser superior para viver a história dos outros, vocês acabam sempre se rebaixando e entrando na energia daquele "coitadinho que precisa de ajuda". Ficam dominados pela energia negativa do "coitadinho".
Vamos reverenciar apenas àqueles que estão num grau superior de evolução, seja na manifestação da alegria terrestre, seja na espiritualidade. Vamos procurar entender que o povo ainda age como criança, não tem educação interior. Se a gente se envolve, caímos juntos e vamos para o chão.
Não estou falando que devemos nos tornar eremitas, nos escondendo de todos, negando a existência do mundo e dos seus problemas. Não é isso, não. Nós não devemos nos abalar, nos envolver com tudo e com todos, viver na carne a doença do outro, o desemprego do outro, a loucura do outro. Quero dizer, não devemos assumir a dor do outro como se fosse nossa, não devemos assumir o problema do outro como se fosse nosso. Esta atitude é a mais infantil de todas: o problema é multiplicado, vai passando de um para o outro. Ninguém resolve nada e todos caem ao chão.
Percebam que se preocupando com a provação dos outros vocês passam a valorizar o outro e a menosprezar a si mesmos. Se elevar é sair da falsa humildade, da farsa que é ter complexo de inferioridade, sair dessa coisa que é pôr o mundo lá em cima e vocês cá embaixo. É inverter, virar de cabeça para baixo os seus valores sociais, que fazem com que vocês priorizem a opinião e a vontade dos outros em detrimento das suas.
Sinta que, quanto mais você sobe, mais as energias pesadas vão se soltando. Perceba que os conflitos, os medos e as preocupações vão se diluindo, sumindo. Nada de tormentos, nada de responsabilidades inúteis. Compreenda que o peso existe quando você abaixa e carrega as coisas dos outros. Quando vamos para cima e lá lidamos com as coisas do mundo, vencemos as energias negativas, vencemos as exigências de todos.
Cada um de nós tem que responder, diante da vida, a responsabilidade que nos foi dada. A resposta é tirar as cargas ruins que vamos absorvendo dos outros, deixando o coração cada vez mais livre.
Calunga, "Fique com a LUZ".