... assim como o amor, o ódio também une

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

 - Calunga, tenho um problema com meu filho mais velho. Desde que ele nasceu, eu sentia ódio dele. Fui ao centro, mas ainda não consigo amá-lo. Com o mais novo nunca tive esse problema.
 - Acho que você precisa ter um pouco de paciência. Também não vai se forçar a amar quem não ama, mas respeitar você pode, não pode?
 - Tento amar...
 - Não é para amar, é para respeitar. É aceitá-Io como ele é, ao mesmo tempo em que você se respeita e se aceita como é. Você é assim. É preciso respeitar que você é mãe e cumprir sua responsabilidade, sua função de mãe com dignidade. Mas você não pode obrigar um coração a amar. Toda mãe passa por problema semelhante, embora elas escondam, porque têm medo disso. Quem tem muitos filhos tem sempre um que é o predileto. Não adianta negar. É assim que é, porque a reencarnação mostra laços de afinidades, sejam elas afinidades positivas ou negativas.
O seu respeito, o seu desvelo a este filho não precisa ser por amor, mas pode ser pela sua consciência de mãe, pela sua consciência de respeito ao ser humano, não é verdade? Então esqueça isso tudo, deixe de ser uma pessoa muito "magoável" e perdoe, porque assim você vai se elevando. Mas não queira exigir de você o impossível.
A gente não pode lutar contra o que, às vezes, é muito maior que a gente. Mas não é por isso que precisa se entregar de forma bestial a certas coisas. Podemos ter um meio termo, uma moderação. Se não posso exigir o amor de mãe pelas ligações do passado que foram difíceis, posso pelo menos ter o respeito, que é uma forma de mediar uma relação que eu criei atraindo pessoas positivamente incompatíveis para o meu lado.
Não foi bem Deus que juntou, porque quando a gente tem um inimigo está mais ligado a ele do que se gosta de pensar. Como uma grande paixão, inimigo também é apego. A gente fica apegado ao inimigo. E tudo o que acha que é problema na vida culpa o inimigo. De sorte que isso acaba sempre atraindo essa pessoa para a nossa vida, de uma forma ou de outra. Como o amor, o ódio também une.
É assim que vamos constituindo nossas famílias, tanto pelas uniões simpáticas quanto pelas antipáticas. Às vezes, tudo isso se mistura e dá aquelas confusões de temperamentos e choques dentro de um lar. É por isso que, através da visão da reencarnação, podemos ter uma compreensão espiritual das afinidades e da falta delas na família. Quando não há afinidade, muitas vezes não podemos fazer nada para melhorar. Mas temos a necessidade, o dever de manter o equilíbrio através do respeito.
Sendo assim, vamos nos perdoando e nos separando de pessoas que nos são muito estranhas. Por enquanto, é o melhor que podemos fazer. E não vamos exigir nada além do que se pode fazer.

Calunga, "Tudo pelo Melhor".