O Summum Bonum

domingo, 15 de agosto de 2010

Ninguém sabia quem era o jovem missionário. Na verdade, ele nem era um missionário; havia recusado sua ordenação como ministro, porque não estava seguro de que aquela fosse sua verdadeira vocação.
Procurando uma razão para viver, procurando a si mesmo, o rapaz havia passado dois anos no interior da África - entusiasmado com o exemplo de pessoas que iam atrás de um ideal.
As pessoas no jardim em Kent não gostaram da troca. Tinham vindo por causa de um pregador experiente, sábio, famoso. E agora eram obrigadas a ouvir uma pessoa que - assim como elas - ainda lutava para encontrar a si mesma.
Mas Henry Drummond - este era o nome do rapaz - havia aprendido algo.
Henry pediu emprestada uma Bíblia de um dos presentes e leu um trecho da carta que Paulo escreveu aos coríntios:
“Ainda que eu fale as línguas dos homens
 e dos anjos, se não tiver amor,
serei como o bronze que soa, ou como
o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar 
e conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto
de transportar montanhas,
se não tive amor, nada serei.
E ainda que eu distribua todos os
meus bens entre os pobres
e ainda que entregue meu próprio corpo
nada disso me aproveitará.
O amor é paciente, é benigno,
o amor não arde em ciúmes, 
não se ufana, não se ensoberbece,
não se conduz inconvenientemente, 
não procura seus interesses,
não se exaspera, 
não se ressente do mal;
não se alegra com a injustiça,
mas regozija-se com a verdade. 
Tudo sobre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta.
O amor jamais acaba. 
Mas, havendo profecias, desaparecerão;
havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, passará. 
Porque em parte conhecemos,
e em parte profetizamos.
Quando, porém, vier o que é perfeito, 
o que então é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como um 
menino, sentia como um menino.
Quando cheguei a ser homem, 
desisti das coisas próprias de menino.
Porque agora vemos como em espelho, 
obscuramente, e então veremos face a face;
agora conheço em parte, e então 
conhecerei como sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a Fé, 
a Esperança, e o Amor.
Estes três. 
Porém, o maior deles é o Amor.”

Todos escutaram em silêncio respeitoso. Mas estavam decepcionados. A maior parte já conhecia o trecho, e já havia meditado longamente sobre ele.
O rapaz podia ter escolhido algo mais original, mais palpitante.
Quando acabou de ler, Henry fechou a Bíblia, olhou para o céu, e começou a falar:

Henry Drumond, "O Dom Supremo".