... só se é o que se é (2)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Como essa coisa do eu verdadeiro foi tão ignorada ao longo da vida na compreensão das religiões, das filosofias. Quanta filosofia para tirar o poder do homem, para subjugá-Io a ideias de inferioridade, de imperfeição. Mas como é que a gente pode ser imperfeito? Se tudo vem da perfeição, como a obra pode ser imperfeita? Você não é imperfeito. Essa é uma maneira errada e ignorante de ver as coisas. Nós somos perfeitos para ser o que somos. Nós não temos que amar todo mundo com todo o bem. Amamos quem amamos e fazemos o bem que sabemos. E só isso que podemos ser: o que somos. 
Isso porque, minha gente:
O que é, é E só é o que é. 
O que não é, não é.
Não tem choradeira, não tem "mais isso, mais aquilo ... " "Será?" Será também não tem. "Mas devia" ou "não devia" também não tem. Não tem nenhum outro verbo, nenhuma outra palavra ou preposição.
Se você só gosta de comer jabuticaba, minha filha, então, só gosta de comer jabuticaba. Se você não gosta de comer caju, não gosta de comer caju. Acabou. O que é, é. O que não é, não é. Não tem conversa. Não tem. O que é, é, enquanto é, porque tem dia também que muda. De repente, você aprende a gostar de caju. Mudou porque mudou. Então, o que é, é. Não adianta você se forçar a aceitar alguma coisa a pretexto de uma filosofia de sacrifício, de espiritualidade, de santidade, de dever, de honra, dessas besteiras todas do orgulho, porque só vai fazer você empurrar goela abaixo as porcarias que não quer comer e que não vai conseguir digerir...
Por isso, quando não aguento, não aguento mesmo, entendeu? Pode ser que um dia aprenda a aguentar, mude a minha maneira de pensar. Mas agora é o que eu sou. Eu sou o que sou, sou o que eu sinto. E só vou fazer o que é bom em mim, o que me faz bem, o que me dá grandeza, o que me dá dignidade. Não quero saber o que é certo nem o que é errado. Nunca mais quero saber o que é certo nem o que é errado.
Cada um tem uma regra, uma medida. Assim, não fica criando confusão na minha cabeça. Para mim, o certo e o errado vão ser agora o que gosto e o que não gosto. Se eu não estou a fim de conversar com a pessoa, eu falo mesmo: agora estou pensando em outras coisas. E que se dane quem quiser interpretar mal e ser malvado, pois vai ter que dormir com a própria malvadeza na cabeça. Se quiser entender a minha condição com boa vontade, sorte da pessoa, que vai ficar com pensamentos bons. Eu sou o que sou. Cada um me vê como quer. E se me vir com os olhos ruins, os olhos da pessoa é que são ruins, os meus não são. Eu não sou responsável pelo modo como os outros me veem. Ah, quer me ver bonitinho? Pois que veja. Não quer, não veja. Importa o que eu vejo, meus olhos é que são importantes. Que me importa os olhos de vocês? Eu não vivo com os olhos de vocês. Por que dou tanta importância para o que o outro pensa? Não vivo com o pensamento dos outros. Ah, cansei!
Vou deitar na almofada, ficar lá naquela almofada macia, gostosa, sem revolta. Importa o que eu vejo. Importa o que eu penso. O que eu penso? Deixa eu pensar numa coisa boa para eu ficar bem ... Deixa eu olhar com bons olhos para eu ficar bem ... Deixa eu olhar o mundo com bons olhos para o mundo ficar bom para mim. O mundo pode parecer uma peste de ruim, mas o mundo é de quem olha. O mundo é neutro. Você é que tem os olhos ruins para olhar o mundo e depois diz que ele é que é ruim. O mundo não é bom nem é ruim. O mundo é o mundo. É a gente que olha:
- Ah, que coisa indecente, que coisa chocante, ai, ai, ai. ..
Fica cheio de ai, ai, ai, vendo o mundo bem mal. Mas quem vai dormir com a maldade? É você, seu tonto! É você que tem os olhos ruins. É o mundo que tem de mudar para você ficar bem? Não pense assim, não. Se também quiser pensar, paciência! Vai apanhar, apanhar até o dia em que aprender a pensar diferente. Mas se quiser despertar, você diz:
- Eu, hein? Eu quero ver tudo bem. A pessoa está dançando, se exibindo o dia inteiro. Ela está gostando, está feliz? Ah, ela está feliz, então está bom. Por que vou achar que é indecente? Não acho nada indecente. Não acho nada. Não tenho que achar nada de ninguém, cada um é o que é. Se está feliz, faça. Pelo menos está espalhando uma energia de alegria no ar. Mesmo que seja pornográfico, o que importa? Pelo menos, a pessoa está feliz. Melhor essa energia de felicidade do que a cabeça pesada das pessoas se reprimindo.
Essas pessoas que ficam na acusação, na malícia, na maldade, estão poluindo o planeta. Prefiro um monte de gente pornográfica e feliz do que esse bando de moralistas, com pensamentos negativos, recriminando, condenando, amaldiçoando, jogando essa energia ruim no ar. Ah, prefiro um bando de capeta safado e alegre a esse bando de religiosos, cheios de demônio nos olhos e no coração. Podem ser pornográficos, mas são todos engraçados e divertidos. Pelo menos, a energia que está em volta deles é agradável. Eu não tenho maldade nenhuma nos olhos, quero saber da alegria. Se tem alegria está bom; se não tem, não me interessa.

Calunga, "Tudo pelo Melhor".