Ninguém pode se por no lugar do outro

sábado, 11 de junho de 2011

- Calunga, eu me coloco no lugar da pessoa e fico imaginando ... 
Esse é o grande erro, porque você não é a pessoa. Ninguém pode se pôr no lugar de ninguém. Isso é uma ilusão. Só tem um lugar: o seu. Quando pensa que está se pondo no lugar do outro, você está, na verdade, inventando uma versão sua para a situação do outro. Então, é mentira. Por isso, nunca se ponha no lugar de ninguém
Você vive bem numa casa confortável, por exemplo, e chega aquele mendigo de rua. Você se põe no lugar dele: 
- Ele deve estar passando tanta necessidade: frio, fome. Não tem uma casa, não tem uma comida quentinha, não tem um chuveiro ... 
Imagina que ele deve estar sofrendo muito, porque, se você perdesse tudo e ficasse na rua, iria sofrer. Mas ele gosta é daquilo, de ser livre. Não gosta de tomar banho, não gosta de chuveiro. Gosta de morar em qualquer lugar, porque não quer se preocupar com nada. Não quer assumir responsabilidade com nada. Gosta mesmo de viver na rua. 
A gente não tem condições de se medir pelo outro, não é mesmo? Pois se ele não gostasse dessa situação, já teria dado um jeito. Tem tantos modos de a gente dar um jeito, de arrumar um trabalhinho, um cantinho, alguma coisa. E a pessoa não arranja, porque quer mesmo ser mendigo de rua. Então é uma escolha dela viver da arrogância dos outros. O mendigo vive da arrogância dos vaidosos que gostam de dar esmola para pobre. Ele chega perto e já faz aquela cara de miserável, e o vaidoso, como morre de medo de parecer egoísta, dá esmola para não sentir culpa. 
O mendigo vive mesmo da vaidade alheia. Tem gente que está milionária de tanto pedir dinheiro na rua, ganha muito mais que um salário de trabalhador. E fica aí nessa vida, vivendo às custas da ignorância do povo. Pois aquele que é humilde diz logo: 
- Ah, não vou dar, não. Vá trabalhar, porque eu trabalho. 
Isso não é má vontade com eles, porque quem quer mesmo ajudar, arranja um emprego para a pessoa, dá uma oportunidade para ela trabalhar. Tudo isso com respeito. 
Às vezes, caridoso é o industrial que mantém duas mil, três mil pessoas trabalhando para ele, que está sustentando aquelas famílias todas. Este, sim, é o grande caridoso da sociedade, porque garante o emprego de muita gente. O povo, no entanto, ainda fica com raiva, diz que ele é ruim.

Minha gente, vamos aprender direitinho a não ter piedade de ninguém, nem a medir os outros por nós. Vamos sentir no coração. Se você estiver com muita vontade de dar esmola, dê. Mas se você sentir que não está com vontade, tenha a coragem de assumir isso e não dê. Assim é com tudo na vida que lhe pedirem, porque todo mundo pede neste país. Abre a boca para pedir qualquer coisa, mas na hora de pagar, ninguém quer. Ora, se a coisa existe é porque foi feita e, se foi feita, é porque alguém deu o seu suor para fazer. Essa pessoa, então, não merece alguma coisa em troca? Engraçado: para fazer não é de graça, por que tem que ganhar de graça?

- Ah, porque a pessoa é uma infeliz, uma coitada. 
Uai, mas todo mundo não é infeliz e coitado neste mundo porque tem que pelejar para viver? O povo compreende tudo errado. Mas quem tem é porque fez para ter e tudo o que existe tem um preço. Esse negócio de dar de graça é de vocês aí, pois aqui no astral não tem disso, não. Não tem nada de graça. Ou tem mérito ou não tem. Aí, vocês tapeiam os outros e arrancam as coisas de graça dos bobos que nem você que não sabem dizer "não", mas gente com juízo diz logo: 
- Está bem. Se quiser então você me dá algo em troca. Alguma coisa eu quero ter. Eu paguei para conseguir, você também tem que pagar com seu serviço, não está aleijado, a não ser que esteja doente numa cama, apodrecendo, então a gente socorre. Vamos saber dar quando existe a verdadeira necessidade, mas vamos distinguir da mentira desse povo pidão


Calunga, "Tudo pelo Melhor".