A Paz é possível

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Muitas pessoas têm se empenhado em conseguir a paz e suas atitudes acabam sendo negativas. Elas pensam que se a guerra acabar tudo ficará bem. Não é tão fácil assim. 
O problema não é a guerra, o problema é o homem. A guerra não é externa, é interna. Se você não lutar dentro, lutará fora. Ao passo que, se conseguir guerrear consigo mesmo e sair vitorioso, a guerra externa cessará. Este é o único caminho.
Quando você conquista a si mesmo, sua luta contra os outros cessa imediatamente, porque a luta contra os outros é apenas um truque para esquivar- se da guerra interior.
Se você não está bem consigo mesmo, existem apenas dois caminhos: suportar sua inquietação ou projetá-la sobre os outros. Quando uma pessoa está internamente tensa, está pronta para lutar. Qualquer desculpa serve — o motivo é irrelevante. Ela pula sobre o primeiro que aparece: o empregado, a esposa, o filho.
Como as pessoas se livram dos seus conflitos e inquietações interiores? Responsabilizando os outros. Assim, elas passam por uma catarse: tornam-se irritadas, atiram sua raiva e violência nos outros e isso lhes proporciona um alívio, um descanso. Temporariamente, é claro, porque no interior nada mudou. O interior continuou velho e novamente acumulará. No dia seguinte, voltará a acumular a mesma coisa — raiva, ódio — e você terá de projetá-lo.
A luta contra os outros existe porque você continua acumulando lixo dentro de si e necessita jogá-lo fora. Um homem que conquistou a mesmo, que se tornou um autoconquistador, não tem conflitos internos, sua guerra cessou. Dentro de si, existe apenas um — não dois. Tal homem nunca mais irá projetar, nunca mais lutará contra alguém.
A mente usa o truque da projeção para esquivar-se do conflito interno porque esse conflito é muito doloroso — por muitas razões. A razão básica é que todas as pessoas têm uma imagem muito boa de si mesmas. E isso é tão forte que sem essa imagem elas quase não conseguem sobreviver.
Os psiquiatras dizem que as ilusões são necessárias para se viver. Se você pensar que é tão ruim, tão demoníaco, tão mau; se essa imagem que é a verdadeira porque você é realmente assim — permanecer, você será simplesmente incapaz de viver. Perderá toda a autoconfiança, ficará tão repleto de auto- condenação que será incapaz de amar, não será capaz nem mesmo de se movimentar ou de olhar para qualquer outro ser humano. Sentir-se-á tão inferior, tão demoníaco, que morrerá. Esse sentimento tornar- se-á um suicídio. Mas isso é uma verdade — então, o que fazer?
O jeito é mudar essa verdade; é tornar-se um homem de Deus; não um homem do Diabo — é tornar- se Divino! Entretanto, isto é difícil, árduo. É uma dura e longa caminhada. Muito tem de ser feito. Só então o Diabo poderá tornar-se Divino. Ele pode tornar-se Divino! O Diabo pode tornar-se Divino porque o Divino tornou-se Diabo. A possibilidade existe; são dois pólos da mesma energia. A energia que se tornou amarga, azeda, pode tornar-se doce. É necessária uma transformação interior, uma alquimia interna — mas isto é demorado e árduo.
A mente sempre procura um atalho onde a oposição seja menor. Então ela diz: "Por que preocupar- se em se tornar um homem bom? Basta acreditar que se é bom." Isto é fácil porque nada tem de ser feito. Basta pensar que se é bom, criar uma imagem de que se é bonito, celestial, de que ninguém é como você. E esta ilusão de bondade lhe dá energia para viver.
Se as ilusões podem lhe dar tanta energia, você já imaginou o que acontecerá quando a Verdade surgir? A ilusão de que você é bom lhe dá vida para mover-se, energia para sustentar-se, lhe dá confiança. Com a ilusão, você pode tornar-se quase centrado. Esse centro que acontece na ilusão, entretanto, é o ego.
Quando você esta realmente centrado, esse centro é o Eu. Mas isso só acontece quando a Verdade já foi realizada: quando suas energias internas já foram transformadas; quando o mais baixo transformou-se no mais alto, o terreno no celestial; quando o Diabo tornou-se Divino; quando você estiver radiante com a glória que é sua; quando a semente tiver brotado, quando a semente de mostarda tiver se transformado numa grande árvore.
OSHO, “A Semente de Mostarda”.