Os milagres acontecem à nossa volta, os sinais de Deus nos mostram o caminho, os anjos pedem para serem ouvidos, mas como aprendemos que existem fórmulas e regras para chegar até Deus, não damos atenção a nada disso.
Não entendemos que Ele está onde O deixam entram.
As práticas religiosas tradicionais são importantes: elas nos fazem partilhar com os outros a experiência comunitária da adoração e da oração.
Mas nunca podemos esquecer que a experiência espiritual é sobretudo uma experiência prática de AMOR. E no amor não existem regras! Podemos tentar seguir manuais, controlar o coração, ter uma estratégia de comportamento, mas tudo isto é bobagem.
O coração decidi e o que ele decidir é o que vale. Todos nós já experimentamos isso na vida. Todos nós, em algum momento, já dissemos entre lágrimas: Estou sofrendo por um amor que não vale a pena!
Sofremos por que achamos que damos mais do que recebemos. Sofremos por que nosso amor não é reconhecido. Sofremos por que não conseguimos impor nossas regras. SOFREMOS À TOA: Porque no amor está a semente do nosso CRESCIMENTO. Quanto mais amamos, mais próximos estamos da experiência espiritual.
Os verdadeiros iluminados, com sua almas incendiadas pelo AMOR, venciam todos os preconceitos da época. Cantavam, riam, rezavam em voz alta, dançavam, compartilhavam aquilo que São Paulo chamou de Santa Loucura.
Eram alegres por que quem ama venceu o mundo, não tem medo de perder nada. O verdadeiro amor é um ato de entrega total.
O monge Thomas Mertom dizia: A vida espiritual se resume em amar. Não se ama por que se quer fazer o bem, ou ajudar, ou proteger alguém.
Se agirmos assim, estamos vendo o próximo como simples objeto e estamos vendo a nós mesmos como pessoas generosas e sábias. Isto nada tem a ver com o amor. Amar é comungar com o outro e descobrir nele a centelha de Deus!
Paulo Coelho, “Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei”.