Existe a vontade da força invisível desconhecida e existe a força do indivíduo. Uma vez que elas entrem em conflito, como um indivíduo pode saber qual é a vontade do desconhecido?
A pergunta é: como um indivíduo pode saber a vontade do desconhecido? O indivíduo nunca consegue saber. Mas se o indivíduo puder abrir mão de si mesmo, se puder apagar seu ego, ele conhecerá a vontade do desconhecido imediatamente — porque se torna um com ela.
Uma gota não tem como saber o que é um oceano até que se dissolva no oceano. Um indivíduo não pode saber qual é a vontade do todo enquanto mantiver sua identidade separada. Mas se ele puder se dissolver e deixar de ser um indivíduo separado do todo, então apenas o todo restará, a questão de saber a vontade do todo não aparece.
Então o indivíduo viverá da maneira que o desconhecido, que o todo o fizer viver. Nessa situação, nenhuma vontade individual, nenhum desejo individual por nenhum resultado em especial, nenhum desejo pessoal por nada, nenhuma atitude de impor sua própria vontade sobre a vontade do todo existe em nenhum lugar, porque não existirá mais o indivíduo em si.
Enquanto o indivíduo existir, a vontade do todo não será conhecida. E quando o indivíduo não existir mais, não existirá mais a necessidade de saber a vontade do todo — porque o que pode acontecer está acontecendo de acordo com a vontade do todo, do desconhecido; o indivíduo se tornou apenas um instrumento, um veículo.
Osho, "Guerra e Paz Interior: Ensinamentos do Bhagavad Gita".