Recolhimento interior e humildade

domingo, 3 de abril de 2011

Feche bem os olhos, relaxe, desligue-se do mundo, pois só assim é possível iniciar o recolhimento em si mesma.
Aceite que você é uma pessoa de muitas bênçãos, e com todas as possibilidades de se livrar de tudo que em você “entrou” pelas portas abertas, pela ilusão do mundo. Você pode se livrar dos vícios e das ideias e conceitos que não servem mais, mas que ainda a desfiguram na vida, e prendem as suas chances de deslanchar rumo ao sucesso, ao progresso.
Não se preocupe com nada, fique no vazio, porque Deus e as forças divinas estão querendo muito o seu crescimento. O Universo quer muito o seu sucesso e não a condena por nenhum motivo, não julga por nenhuma falha. O Universo sabe do tempo de cada um, sabe que você demora aqui e avança ali, pois entende o seu ritmo. O Universo sabe que é natural, na fase do seu desenvolvimento, acontecerem essas coisas, essas desilusões com a vida, e tantas outras dificuldades.
Isso é comum, não só com você, mas em todos, independentemente do grau de evolução e discernimento de cada um. Alguns vão mais rápido, outros mais lentos, mas sempre no ritmo natural da vida. E o Universo sabe muito bem a obra que fez em cada uma das suas criaturas. E, por esse motivo, não está condenando, nem você, nem eu aqui, nem ninguém em lugar nenhum, em mundo nenhum.
Ele simplesmente sabe que vale a pena ter um pouco de bom senso antes de fazer julgamentos, ou emitir sentenças de condenações. Essas reações são muito humanas, não são atitudes das forças universais, isso não.
Então, minha amiga, com o coração no sossego, seja apenas humilde para ouvir as minhas palavras, que vêm do meu coração e se direcionam ao seu.
Seja humilde para entender que você precisa do seu empenho para consigo mesma, para melhorar e superar os seus pontos fracos. Reconheça também que sua boca não tem vigilância, que seu pensamento não tem consciência de limites, que você se deixa levar muito tempo pelos mesmos vícios, pelas mesmas fantasias. Compreenda que o seu orgulho a machuca, que sua vaidade a dilacera.
Tenha essa humildade que tanto falo, porque o orgulho começa a cair no momento em que aceitamos a sua existência ativa dentro de nós, no momento em que o encaramos, sem medos nem disfarces.
Você sabe, tanto quanto eu, que o orgulho a fez sofrer muitos traumas, deixou-a tão cheia de ilusões e tão fora da realidade dando cabeçadas para cá e para lá. Sabe também que ele a ilude e a deixa sem saída, presa em esperanças vãs que nunca se concretizarão, quando na verdade todas as forças da Natureza lhe indicam alternativas possíveis.
Você tem consciência de que ele a deprime, que diz que você não é capaz, que a condena, do mesmo jeito que você acaba condenando todos os que a criticam.
Minha amiga, vista a humildade, aceite essa realidade que eu e a própria vida lhe colocamos. E entenda, por outro lado, que eu não quero dizer que sua realidade é a pior do mundo, não. Ela é apenas muito comum no mundo, mas pode ser mudada para melhor.
Estamos todos diante da mesma realidade, plural, desafiados por ela, cada um vivenciando-a conforme seus referenciais.
É o orgulho que nos desafia na busca da autovalorização. E, por muitas vezes, nós nos colocamos numa glorificação fantasiosa.
Olhe bem para si mesma. Você tem conquistas e méritos em quase tudo o que se propôs a fazer com seu empenho. No seu trabalho, nos seus estudos, na sua vida social.
Mas o fundamental, o seu interior, ainda está para ser enriquecido. Você precisa conquistar o seu grande anseio, que é o domínio de si, ou seja, a consciência maior do seu espírito.
Você necessita ainda aprender a condição de viver no espírito, e dos poderes que ele tem a lhe oferecer.
Isso significa viver sem o peso do tempo, sem a ameaça do amanhã, e na graça da paz dos grandes sentimentos, sob a perspectiva profunda da visão, além da superfície de uma realidade modesta. Significa viver os “insights” e a genialidade que nos acompanham desde a primeira faísca da criatividade divina.
E é preciso que você renasça em si todos os dias, na meditação que lhe assegura o equilíbrio da confissão interior dos seus próprios erros ou desacertos, e também do cuidado cauteloso com o orgulho traiçoeiro e a vaidade que ainda a seduzem.
A cada dia, tome a bênção do seu interior, recolhendo-se na sua pequenez costumeira, para ponderar, com a mente aberta e certeira, os caminhos que a levam à consciência da realidade.
A humildade é a realidade sem disfarces, sem enfeites, é aquilo que simplesmente é, aquilo que pudemos e não pudemos, que vamos um dia conquistar, e que ainda não conquistamos porque estamos no meio do caminho.
Calunga, "Verdades do Espírito".