Há meses em que algumas crianças ficam bastante tempo internadas. Em setembro, nossos parceirinhos foram o B., de 4 anos, que, de tão conhecido na pediatria, chegou a virar “escriturário” no balcão da enfermagem. Pegava o mouse, fingia ler o que aparecia no computador e despachava avisos e ordens.
B. também levou ao pé da letra o sentido da palavra “corredor” e utilizava essa dependência do hospital para correr – afinal, se fosse só para andar, deveria se chamar andador, não é?
Nesse mês também tivemos um dia matematicamente profícuo. É que fomos colocados na parede por uma criança que nos ameaçava com a tabuada do 5! E lá fomos nós: 5, 10. 15…
Depois, a nossa vingança (he he he): exigimos-lhe a tabuada do 9.
A menina, com a ajuda da paciente ao lado foi nos ditando os resultados. Mas ninguém esperava pela mágica numérica que desvendamos ao mostrar que os números formados pelos resultados, ao terem seus algarismos somados, sempre resultam em 9. Reparem: 18 (1+8 = 9), 27 (2+7 = 9), 36 (3+6 = 9) e assim por diante.
Além disso, os resultados se “invertem” se comparamos os resultados da primeira parte da tabuada com a da segunda parte. Reparem como os números em negrito são um o “inverso” do outro, por exemplo 18 e 81.
Entenderam? Pois saibam que as duas pacientes, que já tinham respectivamente 10 e 12 anos, assim como seus acompanhantes, ficaram maravilhados com esse “milagre” da matemática. E nós também, porque jamais imaginávamos que um assunto tão árido, tão escolar, pudesse encantar quatro pessoas em um quarto de hospital.
Saímos todos cheios de sis, orgulhosos com o feito. E na mesma tarde, demos uma aula aos internos: aula de noiterréia, já que de diarréia eles têm sempre.