"Os parceiros que nos atraem, e que atraímos, correspondem ao nível que atingimos no nosso desenvolvimento pessoal".
Quando pensamos em relacionamentos amorosos, quando queremos encontrar alguém, a pessoa certa para amarmos, somos obrigados a efetuar uma escolha. Toda escolha seja consciente ou inconsciente implica, portanto, em uma decisão. Nesse momento propriamente antes do relacionamento, há um movimento que atende uma meta, um objetivo final: algo ou alguém é escolhido em detrimento de uma grande gama de opções.
Para compreender melhor o que orienta a escolha de um parceiro amoroso e quais os critérios envolvidos nessa escolha é necessário saber o que é projeção.
A projeção é um fenômeno psicológico inevitável e acontece inconscientemente, estando presente em qualquer relacionamento. Antes mesmo de optar por um parceiro, a pessoa já projeta no outro conteúdos inconscientes, expectativas de como esse parceiro deve ser, se comportar, etc. A projeção permite que a pessoa transfira para o outro desde experiências parentais reprimidas, energias fragmentadas autônomas, ideias ou desejos carregados de afetos, etc. Essa transferência de sentimentos, desejos, e afetos são desconhecidos pela consciência. Muitas vezes nossas próprias imperfeições e aspectos repelidos são depositados nos outros.
Atualmente vivemos em um mundo decadente, uma sociedade que vive de imagens, desejo, poder e superficialidade. Muitas pessoas vivem cindidas, ou seja, distantes de seu inconsciente, de seus sentimentos e emoções. Em um mundo onde estamos tão afastados de nós mesmos e dos outros como podemos possibilitar o verdadeiro encontro amoroso? Existem pessoas que escolhem seus parceiros pelos seus carros, pela marca do relógio, do sapato, pelo dinheiro, poder e talvez segurança. Há quem escolha pela beleza física e existem aqueles que simplesmente não conseguem escolher, vivem solitários, descrentes de que um relacionamento possa dar certo.
Não há uma pessoa certa e perfeita, uma cara-metade, 'um outro mágico', que preencha todas as nossas expectativas e retribua com carinho e afeto nossos anseios, não existe alguém que garanta um amor perfeito e imortal. Ao escolher alguém o ego deve estar a serviço do relacionamento, e nunca o contrário, ou seja, o amor é um deus que exige ser servido e escapa de quem quer colocá-lo a serviço de suas necessidades e carências. O controle realizado pelo ego durante uma escolha não garante o verdadeiro encontro amoroso, gerando apenas insatisfação e uma sensação de vazio.
Como conclusão, vale salientar que os parceiros que nos atraem, e que atraímos, correspondem ao nível que atingimos no nosso desenvolvimento pessoal. Em outras palavras, cada um tem o parceiro que merece!
Dra. Noely Montes Moraes,
Clínica Psicológica PUC/SP.
Clínica Psicológica PUC/SP.