Antes de praticar a forma é necessário anular as formas. Fazendo uma analogia, seria como o agricultor que pretende fazer o plantio de um cereal. Primeiro ele prepara o solo, limpando o terreno, para depois plantar. O cereal só vai crescer viçoso se não houver o mato anterior que dominava o solo. Isto é, não há espaço para o novo cereal, se o velho mato lá permanecer. A boa colheita é a organização, a criação harmônica, a realização. A desidentificação e a descristalização são a limpeza do terreno, enquanto que a convicção representa o adubo e a água.
No estado parado e lúcido ocorrem duas possibilidades: estado de lucidez passiva, ou concentração passiva, e o estado de lucidez ativa, ou concentração ativa.
A lucidez passiva, eu a utilizo PARA ANULAR A FORMA, enquanto que a lucidez ativa tem a finalidade de DAR A FORMA, DE CRIAR.
Como entro na lucidez passiva para anular as formas? Na lucidez passiva A NEGAÇÃO É FUNDAMENTAL, ficando parado, atendo em nada. Nesse estado preciso permanecer atento, parado, lúcido, calmo, sem atuar, OU SEJA, não questiono, não tomo partido, não faço, não penso, não dou força. APENAS OBSERVO lúcido e parado, SEM DAR IMPORTÂNCIA. Essa espécie de indiferença atenta FAZ COM QUE A FORMA SE ANULE. Se surgem pensamentos contrários, desconsidero interiormente: “Ah, isso é bobagem, é besteira, é ilusão, é bobeira”. Essas palavras tem um poder muito grande para tirar “tirar a forma”.
VALE UM LEMBRETE MUITO IMPORTANTE. Perceba que você não é a experiência, nem quem está experienciando, nem o fato experienciado. VOCÊ É O QUE OBSERVA QUEM ESTÁ EXPERIENCIANDO. Você é apenas o aprendizado da experiência, a faculdade desenvolvida com a experiência, a virtude estabelecida pela experiência. É isso que você carrega pela eternidade. É isso que é a verdade. TODO RESTO É ILUSÃO.
Se as formas o envolverem e levaram você para lá e para cá, não resista, não dê atenção, não lute com elas. Entre no estado de concentração passiva. Não pergunte, não aja, não faça nada. Diga interiormente apenas: “ah, isso é ilusão”. Como a ilusão não tem base na matéria, as formas deixam de ter a conexão de realização.
Exercício de anulação da forma
Vamos a um exercício prático de anulação da forma. Encontre um lugar onde você se sinta completamente à vontade e procure relaxar. Feche os olhos e sinta seu corpo pleno, restando lúcido. O aparelho mental vai começar a se movimentar. Não dê importância para seus ruídos. OBSERVE TUDO SEM AÇÃO. Tudo é pura fantasia. Tudo é apenas forma. A FORMA PRODUZ SENSAÇÕES. Tudo é apenas forma mutante, movimento de uma fantasia. QUALQUER FORMA É CRIAÇÃO DE ALGO OU DE ALGUÉM. “Sou sólido. Apenas. Tudo passa, permaneço. Sou eterno. Tenho um passado, mas não sou esse passado. Tenho imagens da memória, mas não sou essas memórias. Apenas sou. Só sou. Tenho vivido dramas, dores e traumas, mas não sou nem os dramas, nem as dores, nem os traumas. Tenho sonhos, esperanças, ilusões, mas não sou os sonhos, nem as esperanças, nem as ilusões. Apenas sou. Só sou. Não sou minha infância, minha formação, meu trabalho, minha família, minha casa. Apenas sou. Só sou. Não sou minha idade, minhas emoções, meus desejos, minhas ideias. Apenas sou. Só sou. Não sou minha personalidade. Apenas sou. Só sou. Não sou o que fui, o que fiz, o que me ensinaram, o que me disseram. Apenas sou. Só sou.”
Ao sentir qualquer sensação desconfortável em seu Corpo, fixe-a. Apenas fixe-a. Não atue. Quanto mais tempo e fixação houver em algo parado, mais esse algo começa a “perder a forma”, começa a perder a sustentação na matéria, começa a se decompor, a se anular, a se desfazer. Aumente o grau de fixação, aumente mais, como se houvesse uma concentração naquele ponto, então a forma explode liberando a energia. Quanto maior a constância da lucidez, mais são percebidos os pensamentos intrusos, a formas intrusas, MAS não penetrarão, pois no estado pleno, lúcido e parado, nada pode atingi-lo, porque mais posse você tem de si, uma vez que está usando a força de vontade, a força que mantém a Consciência, a força que lida com a atenção, com o domínio.
O verbo SER é o verbo do EXISTIR, do TORNAR REAL, da realização, assim como é o verbo do “desformar” quando pronunciado na forma negativa. Assim é que as expressões eu sou e eu não sou, SEMPRE NO PRESENTE DO INDICATIVO, são carregadas de energia pura, a energia divina que ainda não tem forma. O eu sou CRIA, gruda, fica, identifica, forma. O eu não sou desidentifica, desfaz, desforma, reforma, descristaliza, desimpregna. Ao proferir essas expressões com convicção, essa energia é canalizada para a materialização ou desmaterialização do que pretendemos, pois o verbo SER é o verbo da força da Sombra QUE FIXA A LUZ, criando, reformando e transformando a existência. Por exemplo:
- Eu sou dono do meu mundo.
- Eu não sou o que me disseram.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.”
João, I
Nas coisas do dia a dia, você pode se envolver com uma situação densa e não conseguirá praticar os exercícios propostos. Mas, sempre que puder, APENAS OLHE A SITUAÇÃO COM A SENSAÇÃO DE ESTAR OLHANDO. NÃO QUESTIONE, NÃO ARGUMENTE, NÃO AJA. FIXE-A APENAS ATENTO, PARADO NO SEU SILÊNCIO INTERIOR, COM A CERTEZA DE QUE TUDO AQUILO É ILUSÃO PASSAGEIRA.
Dar forma
Para experimentar uma forma, algo que você gostaria de atrair para a sua realidade, é necessário entra no estado de lucidez ativa. Na lucidez ativa, a exemplo da lucidez passiva, permaneço calmo, atento, parado, lúcido, fixo no objeto. Mas, ao contrário daquela, eu me envolvo com o objeto desejado e atuo. Por exemplo, se você se imaginar numa praia, quanto mais calmo e fixo, parado, lúcido, concentrado na praia, mais a praia vai se vivificando, mais se torna presente, tão real a ponto de sentir a sua brisa, se cheiro. Isso é o que chamamos de lucidez ativa.
Esse grau de concentração, de atenção é que faz a impressão tal que me mantenho conectado com o objeto, a ponto de identifica-me com ele.
Exercício de dar forma
Vamos a um exercício de formar. Da mesma maneira que o exercício de anular a forma, é necessário encontrar um lugar tranquilo e confortável. Permaneça calmo, feche os olhos e relaxe. Observe, então, o objeto ou uma situação que deseje atrair. Fique observando parado. A nitidez do objeto cresce, vai se vivificando. Quanto mais nítido estiver, mais eficiente será a experiência. Fixe-o, atento, parado, lúcido. Permita ao objeto fazer parte de você, como numa autohipnose. Identifique-se com ele. Diga, interiormente, “isso sou eu” com plenitude e absoluta convicção, várias vezes. Veja que ao contrário de “tirar a forma”, agora eu atuo.
A forma se estruturará na sua aura e começará a agir no Mecanismo Universal. Assim é o poder de todas as formas de pensamento. Permaneça relaxado, pense na paz, na harmonia em si. Respire, sentindo a paz.
Todo aprendizado envolve disciplina
É assim para aprender a escrever, a tocar um instrumento, a falar uma língua, a praticar um esporte. Na área da Metafísica e da espiritualidade não é diferente. Nada como a experiência cotidiana do exercício INTERIOR para perceber seus efeitos e as transformações que você deseja que aconteçam em sua vida. Invista na convicção DO PODER INTERIOR. Não há outro caminho. Persevere, mesmo quando os fatos se afigurarem desfavoráveis. Lembre-se de que são apenas formas passageiras, ilusões que não se sustentam, enquanto você, apenas você permanece, como permaneceu até hoje. O resultado satisfatório ocorrerá, obviamente, se não houver conflitos, ou resistências interiores, formas que precisam primeiramente ser anuladas. Um exemplo característico do conflito interior é aquele que a pessoa deseja que o dinheiro se manifeste em sua vida e ao mesmo tempo cultiva consigo a ideia de que o dinheiro é a razão dos males da humanidade.
Saber de Corpo inteiro
Quando aprendemos uma verdade superior por intermédio de conversas, cursos, palestras ou leituras, percebemos que o reflexo dessa verdade em nossa realidade não é imediato. Sentimos, por um período que varia de pessoa para pessoa, dependendo dos conflitos internos de cada um, que as coisas não se dão, resultando mais vezes em descrença e até desistência do novo ponto de vista.
Isso acontece porque só saber de uma verdade libertadora não basta. Precisamos mais que saber. PRECISAMOS saber de Corpo inteiro, de FIXAR A LUZ DO SABER À SOMBRA. É necessário incorporar a nova informação. A Alma e o aparelho mental que é Sombra, já sabem, mas o Corpo ainda mantém cristalizada em sua memória celular a forma anterior. Somente com o tempo, no EXERCÍCIO da disciplina interior, a desidentificação daquela forma se verifica, a forma se dessolidifica, e então o corpo passa a vibrar numa frequência melhor, condizente com o anseio da Alma, emitindo EM SUA realidade um novo padrão energético, e essa situação começa a alinhar-se ao seu querer.
Na Metafísica há uma lei muito importante: semelhante atrai semelhante. A realidade à nossa volta é condizente com o padrão da energia que emanamos do Corpo inteiro, e não de acordo com o que o apenas o aparelho mental entendeu fazer sentido. Assim é que, se vibrarmos segundo as crenças e as formas do negativo, do senso comum, é nessa sintonia que vamos ressoar. Em outras palavras, a energia que emanamos do corpo atrairá situações semelhantes às da coletividade.