Curiosidade

sábado, 14 de janeiro de 2012

O impulso da curiosidade, do querer saber, tão evidente na criança, é o responsável pelo estímulo, pela busca do novo, pela descoberta, fatores que contribuem para o desenvolvimento da inteligência, do bom senso, da sabedoria e ampliação da Consciência, aspectos da Luz que deverão ser fixados com a contribuição da Sombra, representada pelo impulso do domínio. APENAS SABER NÃO BASTA. É como um time de futebol que ouve as orientações do técnico antes do jogo e em campo não tem garra, atitude, comprometimento, determinação, fome de gol.
O bloqueio desse impulso pode ter início com uma simples repreensão do tipo: para que tanta pergunta? É tão comum a criança ser censurada quando pergunta como nasceu. Uma vez bloqueada a curiosidade – falta de Luz – a criança tenderá a tornar-se vítima por excelência, o coitado. Poderá se sentir ignorante, atrofiado, desprezar o saber, ter preguiça mental, ser passivo, e ter um constante medo do desconhecido e de não dar certo. Poderá preferir deixar como está para não piorar, em vez de mudar para melhorar. Provavelmente, tornar-se-ão pessoas queixosas, subalternas e indignas, que geralmente responsabilizam os outros pelo que ocorre com elas.
Responsabilidade ou habilidade
O impulso da responsabilidade ou habilidade caracteriza-se pelo prazer em fazer, em realizar, em desenvolver os potenciais, em ter habilidades. A pessoa que foi criada com esse impulso bem-educado, iluminado pela inteligência, investe no aspecto da independência em todos os aspectos de sua vida. Tem um prazer constante em desenvolver sua individualidade e suas capacidades. Seus horizontes são amplos, seu ambiente familiar, sua cidade não lhe bastam. É um empreendedor e não se satisfaz com pouco. Se, ao contrário, esse impulso foi reprimido lá na infância, a pessoa tenderá a sentir-se inadequada, a pôr dificuldade em tudo, falar, falar e não fazer. Poderá ser acometida do medo de errar, de fazer feio, de arriscar, tenderá a não se sentir à vontade, a constranger-se facilmente, e ser detentora de um orgulho exacerbado, exibindo um falso eu ou ego.
A criança que é punida toda vez que procura abrir uma gaveta, um armário, ligar a televisão, ou então, que recebe a orientação de que é preferível não fazer as coisas para não se machucar, certamente crescerá com o impulso da responsabilidade afetado. Da mesma forma a criança que constantemente ouve expressões do tipo: para de fazer isso que é perigos; vai brincar; deixa que o papai faz; você faz tudo errado.
Presença
Quem não se lembra de como era agradável, quando era criança, receber um reconhecimento, um elogio. Quando você elogia uma criança por um feito, a outra, ao ouvir, imediatamente procura fazer o mesmo dizendo: olha eu pai, olha eu mãe, professora, tia ou coisa parecida. Entra em cena o que denominamos de impulso da presença. Não há quem não queira fazer-se presente, pois o desejo de sucesso é um anseio natural da Alma. Na maioria das vezes esse desejo é explícito.
Porém, se a pessoa cultua para si a crença de que é inferior, porque o pai, lá na infância, brigava toda vez que ela procurava aparecer, se expressar, com frases como: é feio se exibir; seja humilde, então ela vai SE comparar o tempo todo, pois há um bloqueio no impulso da presença e, sabedora de que em determinada área não terá chance alguma, se não descambar para a revolta, autodestruindo-se, fatalmente partirá com afinco para algo que a sociedade ou a pessoa de quem ela pretende chamar a atenção valoriza muito, tal como se parecer humilde, boazinha, ou mergulhar com tudo no estudo, num afazer ou numa arte. Procurará fazer o que o pai queria, sem pensar na autorrealização, pois é importante ter dinheiro para se ter valor.
Obviamente, não há nada de errado em estudar bastante ou desenvolver uma arte. Muito ao contrário. Mas o que está desvirtuado é o motivo pelo qual a pessoa se aferra às tarefas, qual seja, impressionar, mostrar aos outros que ela também tem valor. Ou seja, ela quer a valorização porque não SE valoriza. Vamos supor que a pessoa consiga seu intendo. Certamente não se sentirá realizada. Sempre procurará algo mais para continuar sendo admirada, aplaudida. Qualquer fracasso, o mínimo que seja, irá leva-la à prostração. Aonde vai dar esse caminho é um velho lugar conhecido: tristeza e depressão.
Eeeeiiii! Eu tô aqui! Psiu...
Todos nós carregamos um certo bloqueio no impulso da presença. A cultura e a religião do país favorecem bastante isso, na media em que a presença não é vista com bons olhos. Existe um certo entendimento em interpretar a ato de marcar presença como querer aparecer, exibicionismo, arrogância, falta de humildade. Esse ponto de vista é totalmente ausente de Luz. Por isso, a maioria de nós cresce com a sensação de que fazer algo que impressione, que desperte admiração, a atenção, que mostre que temos valor, que existimos. A crença comum é que não se tem valor, não existe. É por isso que muitos passam a vida lutando, se sacrificando e nunca se realizam.
Embora possa parecer paradoxal o fato de sucesso por um lado ser um asneio da Alma e por outro objeto de caos, visto com lucidez essa aparente contradição desaparece. É que não é o sucesso o responsável pela realização e a manutenção da alegria, mas a relação lúcida que se tem com ele. Há muito de sabedoria na afirmação popular de que: o sucesso subiu-lhe a cabeça. É UMA ILUSÃO ACHAR QUE o sucesso SUSTENTA alguém. Não se pode ser submisso à cria, ao externo. Em outras palavras, o sucesso, a aspecto da Luz, sem os pés no chão, aspecto da Sombra, redunda em dependência do aplauso constante dos outros.  DESENVOLVA o sucesso interior, que o exterior fatalmente sempre o acompanhará. Sucesso interior são a Luz e a Sombra equilibradas no objeto do sucesso. Isso é realização.
Quem tem seu impulso da presença manifestando-se espontaneamente, não sofre de vazio interior., não se preocupa com as aparências, sabe muito bem o que quer, sabe onde estão os seu limites, é apaixonado pela vida, é espontâneo, independente, não se preocupa com a crítica, seja boa ou ruim. É dono de um carisma impressionante.
Já a pessoa que tolhe o instinto da presença sente-se inútil, não gosta de se apresentar, com medo do ridículo. Segue a linha da normalidade, da discrição exagerada, é recatada, evitando o ambiente social. A submissão e a servidão caem-lhe muito bem. Sente-se vazia, com uma vida entediada e sem graça. As consequências catastróficas são inevitáveis, tais como a falta de brilho, a vergonha, a inveja, o ciúme, a solidão, a tristeza e a depressão, desenvolvendo uma série de medos envolvendo a sociabilidade.
Os impulsos básicos precisam ser desbloqueados
Se você sente que algum tipo de impulso natural foi reprimido na sua infância ou adolescência, e que hoje colhe as consequências, é bom fazer algo no sentido de reeduca-lo. Sempre é tempo para tal empenho. Se não fizer logo, você continuará enfrentando as mesmas dificuldades pelo resto da vida e a tendência é piorar cada vez mais, porque sua Natureza, seu temperamento estão sendo negligenciados. Como a Natureza SEMPE vence, a Sombra fará com que você perceba o que está fazendo contra si, utilizando a linguagem que você entende. SE NÃO FOR PELA INTELIGÊNCIA, SERÁ PELA DOR, cada vez mais intensa, ATÉ VOCÊ PERCEBER.
As pessoas que obtiveram dos pais um tratamento com os impulsos naturais educados, isto é, com Luz, cresceram mais livres, desembaraçadas, seguras, donas de si, e agora desfrutam de uma vida mais realizadora do que as que tiveram uma educação repressiva e não fizeram nada para revertê-la.
Liberte-se dos condicionamentos!
Procure perceber em qual área de sua vida você encontra alguma dificuldade – ausência de Luz – e volte à infância para verificar se houve nessa área alguma espécie de censura, de restrição por parte da família, da sociedade ou da religião. Procure saber que mentalidade negativa continua. Você vai se surpreender com a exatidão dessa relação.
A má orientação dos impulsos básicos faz com que as pessoas cresçam, mas NÃO AMADUREÇAM
UMA maneira para amadurecer é voltar mentalmente à infância para que a criança, que ainda está aí, possa crescer livre das antigas crenças e atitudes. Isso se consegue desacreditando daquilo que contribuiu para que ocorresse a repressão do impulso vital. Com o temo as velhas crenças vão se descristalizando e sendo substituídas por novas, que se fixarão no subconsciente, e a Sombra tratará de refleti-las na realidade. PARA DESACREDITAR OU DESVALIDAR É SÓ DIZER DIVERSAS VEZES, NA CRENÇA, COM CONVICÇÃO O OPOSTO À SUA ATITUDE NA ÉPOCA. Faça o exercício descrito a seguir.
Acomode-se num local tranquilo e confortável. Procure relaxar tanto o Corpo como a mente. Imagine-se voltando-se às cenas da infância e tente vivenciar as mesmas situações. Verifique quem é que tinha mais autoridade sobre você. Verifique também de quem você mais queria a atenção, o apoio, a consideração, a proteção. Procure lembrar, se possível, do vocabulário, da mensagem, do linguajar que essa pessoa utilizava quando se dirigia a você numa eventual censura ou intimidação. Visualize claramente essa figura dirigindo-se a você. É o pai? A mãe? São os avós? Imagine, então, você olhando nos olhos dessa pessoa e diga, conforme o caso, com convicção, na vibração da voz:
  • Ninguém manda em mim.
  • Eu não preciso do seu apoio.
  • Eu não quero sua consideração eu dispenso sua proteção, eu sou o dono do meu mundo.
  • Eu vou para onde eu quiser, eu faço o que eu gosto.
  • Eu sou capaz de fazer as coisas.
  • É bonito querer aparecer.
  • Eu sou responsável pela minha vida.
  • Só eu sei o que é melhor para mim.
  • O que você pensa de mim só interessa a você.
Use ou invente uma frase que se adapte melhor ao seu caso. TERMINE O EXERCÍCIO DIZENDO: estou em paz... estou em paz... estou em paz...
DE NADA ADIANTA PRATICAR O EXERCÍCIO E CONTINUAR COM AS MESMAS ATITUDES infantis, sendo submissa, manipuladora, boazinha, com medo de aparecer, mendigando a atenção, o apoio, a consideração dos outros, colocando os outros em primeiro lugar. Você precisa ser coerente com as novas crenças e atitudes de sua nova criança, que PRECISA CRESCER E AMADURECER.
Luiz Gasparetto, “Revelação da Luz e das Sombras”.