Palavras ao Vento...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra “amor” e se acha importantíssima por isso!
Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau mais triste que existe: "adeus"...
Ah, é com A que se faz
"abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa...

Com B se diz
"belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.

Com C,
"calendário", que é onde moram os dias e o "carnaval", esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada. "Civilizado" é quem já aprendeu a cantar ´parabéns pra você` e sabe o que é "contrato": "você isso, eu aquilo, com assinatura embaixo".

Com D , se chega à
"dedução", o caminho entre o "se" e o "então"... Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que falta para se chegar à perfeição e se pede "desculpa", uma palavra que pretende ser beijo.

E tem o E de
"efêmero", quando o eterno passa logo; de "escuridão", que é o resto da noite, se alguém recortar as estrelas; e "emoção", um tango que ainda não foi feito. E tem também "eba!", uma forma de agradecimento muito utilizada por quem ganhou um pirulito, por exemplo...

F é para
"fantasia", qualquer tipo de "já pensou se fosse assim?"; "fábula", uma história que poderia ter acontecido de verdade, se a verdade fosse um pouco mais maluca; e "fé", que é toda certeza que dispensa provas.

A sétima letra do alfabeto é G, que fica irritadíssima quando a confundem com o J. G, de
"grade", que serve para prender todo mundo - uns dentro, outros fora; G de "goleiro", alguém em quem se pode botar a culpa do gol; G de "gente": carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.

Depois vem o H de
"história": quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada.

O I de
"idade", aquilo que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira.

J de
"janela", por onde entra tudo que é lá fora e de "jasmim", que tem a sorte de ser flor e ainda tem a graça de se chamar assim.

L de
"lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só pode ser completamente louco.

M de
"madrugada", quando vivem os sonhos...

N de
"noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro.

O de
"óbvio", não precisa explicar...

P de
"pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou.

Q, tudo que tem um não sei
quê de não sei quê.

E R, de
"rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.

S é de
"sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de "segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo": quando o beijo é maior que a boca.

T é de
"talvez", resposta pior que ´não`, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma esperança... de "tanto", um muito que até ficou tonto... de "testemunha": quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar.

U de
"ui", um ài" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia o começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede cuidado.

Vem o V, de
"vazio", um termo injusto com a palavra nada; de "volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que querem que ela queira.

E chegamos ao X, uma incógnita... X de
"xingamento", que é uma palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém; e de "xô", única palavra do dicionário das aves traduzida para o português.

Z é a última letra do alfabeto, que alcançou a glória quando foi usada pelo
Zorro... Z de "zaga", algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado; de "zebra", quando você esperava liso e veio listrado; e de "zíper", fecho que precisa de um bom motivo pra ser aberto; e de "zureta", que é como fica a cabeça da gente ao final de um dicionário inteiro.  
Adriana Falcão.